São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

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Hamas e Fatah têm dia de guerra civil em Gaza

Choques deixam 3 mortos e 30 feridos; trégua é anunciada, mas violência não pára

Premiê do Hamas diz que seu grupo boicotará eleições antecipadas convocadas pelo presidente Abbas; pleito ainda não tem data


DA REDAÇÃO

No dia seguinte à convocação de eleições gerais antecipadas nos territórios palestinos, militantes do Hamas, islâmico, e do Fatah, secular, se enfrentaram numa série de atentados e confrontos que deixaram três mortos e 30 feridos em Gaza.
Uma das vítimas era segurança do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, do Fatah, que anunciou no sábado a antecipação dos pleitos presidencial e legislativo. O segurança morreu em um ataque contra um centro de treinamento da Guarda Presidencial Palestina.
Militantes do Hamas lançaram dois morteiros nas redondezas do escritório do presidente palestino e abriram fogo contra sua casa. Ele não estava em nenhum dos dois locais. O ataque ao escritório deixou cinco seguranças e uma mulher de 45 anos feridos.
Na residência, guardas responderam aos tiros, iniciando uma batalha que durou cerca de uma hora. Segundo a agência Reuters, o confronto deixou 15 feridos, incluindo um jornalista francês.
Ainda em Gaza, a Guarda Presidencial, auxiliada por grupos armados ligados ao Fatah, invadiu os Ministérios da Agricultura e dos Transportes, ambos chefiados por integrantes do Hamas, que comanda o gabinete palestino desde a vitória do grupo nas eleições legislativas de janeiro passado.
O Hamas também acusou o Fatah de atirar contra o carro de Mahmoud Zahar, ministro das Relações Exteriores, do Hamas. Os seguranças do ministro, em resposta ao ataque, desencadearam um longo confronto nas ruas da Cidade de Gaza. Uma jovem de 19 anos foi atingida e morreu no hospital.
"O que está acontecendo é um verdadeiro golpe militar: assassinatos, atentados, ocupação de ministérios", disse Zahar. Na véspera, ele qualificara a convocação de eleições antecipadas de "golpe de Estado".
No início da noite, um porta-voz do Fatah informou que um coronel do Serviço Nacional de Segurança ligado ao grupo foi seqüestrado e morto por membros do Hamas.

Eleições sem data
Depois do dia de violências e trocas de acusações, Ibrahim Abu Naja, chefe de um comitê que reúne todos os grupos armados palestinos, anunciou que o Hamas e o Fatah chegaram a um acordo de cessar-fogo e interromperam, temporariamente, os conflitos. Mas as agências de notícias relataram novos choques depois disso.
Enquanto os confrontos aconteciam em Gaza, Abbas estava na Cisjordânia, determinado a realizar as eleições "o mais rápido possível". Ele se reuniu com integrantes do Conselho Eleitoral Central para definir a data das eleições, que estavam previstas para 2008 (presidenciais) e 2009 (legislativas). O chefe do conselho afirmou que serão necessários pelo menos três meses para preparar o pleito.
Ainda ontem, o premiê palestino Ismail Haniyeh, do Hamas, disse que o grupo islâmico irá boicotar as eleições e acusou Abbas de inflamar uma situação que já está muito tensa.
"O governo palestino recusa o convite a eleições antecipadas porque isso é inconstitucional e pode causar tensão entre os palestinos", disse Haniyeh.


Com agências internacionais

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