São Paulo, sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

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Morte de jornalistas em 2009 é maior em 18 anos, afirma ONG

Comissão para a Proteção dos Jornalistas computa 68 vítimas pela atividade

DA REDAÇÃO

O ano de 2009 já registra o maior número de mortes de jornalistas por motivos ligados à atividade desde quando o CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), que divulgou ontem balanço anual preliminar, iniciou a contagem, em 1992.
As 68 mortes com motivação confirmada representam aumento de 60% sobre 2008, mas se devem sobretudo ao massacre de 29 jornalistas -de um total de 57 pessoas- em novembro nas Filipinas devido a uma suposta disputa de clãs.
O episódio, em que um comboio de vans foi sequestrado quando se dirigia ao local de registro de uma candidatura opositora na Província de Manguidanao (sul), é o mais violento contra jornalistas já registrado pelo CPJ. No país, foram mortos ainda durante o ano três outros repórteres, totalizando 32.
"As mortes nas Filipinas são um chocante, mas não inteiramente surpreendente, produto de uma realidade de longo prazo", disse no relatório o coordenador do programa para a Ásia, Bob Dietz, referindo-se à impunidade dos autores de crimes contra os jornalistas no país.
Antes do massacre nas Filipinas, o episódio com mais vítimas havia sido o ataque à sede da TV Al Shaabiya, em Bagdá, em outubro de 2006, em que 11 profissionais morreram. Já o ano com o maior número de mortes de jornalistas era o de 2007, quando o Iraque ainda registrava picos de violência.
O segundo país em que mais morreram profissionais da mídia neste ano foi a Somália, com ao menos nove vítimas. Em terceiro vêm, com quatro, o Iraque e o Paquistão -atualmente palco de violentos conflitos entre o Exército, sob pressão dos EUA, e a insurgência ligada ao Taleban. Segue a Rússia, com três.
"Este foi um ano de devastação sem precedentes para a mídia mundial, mas a violência também confirma tendências de longo prazo", disse o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon.
Segundo a ONG baseada em Nova York, "trabalhadores de jornais constituem 56% do total, indicando que a mídia impressa continua tendo papel de destaque na cobertura de situações perigosas". Além disso, só duas das vítimas não eram empregados de empresas locais.
Constam ainda da compilação feita anualmente pelo CPJ mortes de jornalistas com "motivação não confirmada" -caso estas fossem acrescentadas, o ano com mais vítimas seria o de 2007: 109, contra 90 em 2009.
Na América do Sul, só Venezuela e Colômbia tiveram um caso de morte cada. No Brasil, o último confirmado é de 2007.
A cifra total divulgada pela ONG, no entanto, ainda está sujeita a alterações até o fim do ano. Ontem mesmo, órgãos de imprensa colombianos confirmaram o assassinato de um apresentador de TV na terça.


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