São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010

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Chávez teria ajudado em fuga do ETA

Segundo o WikiLeaks, houve omissão do líder venezuelano na captura de membros do grupo terrorista basco

Presidente teria feito o espanhol esperar três horas para pedir prisão de seis terroristas, tempo utilizado na fuga


DE SÃO PAULO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, teria facilitado a fuga de três membros do ETA -grupo terrorista basco- no país, segundo despacho dos EUA revelado pelo WikiLeaks.
O relato, datado de setembro de 2008, é atribuído ao ex-diretor da agência de inteligência espanhola e à época embaixador nos EUA, Jorge Dezcallar, em uma conversa com a então secretária de Estado, Condoleezza Rice.
Dezcallar diz no texto que, em 2002, foi obrigado a esperar por três horas numa sala para ter audiência com Chávez, tempo que teria sido utilizado pelo venezuelano para facilitar a fuga dos homens.
No encontro, Dezcallar faria a petição oficial para que Caracas entregasse seis supostos membros do ETA localizados na Venezuela pela agência espanhola CNI (Centro Nacional de Inteligência).
Dezcallar afirma que apenas quando saiu do encontro compreendeu que o mandatário perdera tempo suficiente para deixá-los escapar.
Segundo o ex-diretor, a localização, as atividades e os históricos dos seis supostos terroristas haviam sido fornecidas por Madri.

RELAÇÃO COM AS FARC
Os suspeitos eram acusados pelo assassinato de 36 espanhóis. Ao final, três deles foram entregues à Espanha.
Os demais, diz Dezcallar, desapareceram de seus domicílios e possivelmente foram informados por funcionários espanhóis das intenções do governo.
Um dos foragidos, José Lorenzo Ayestarán, 52, foi preso neste ano na França. Ayestarán havia retornado às suas atividades do ETA e estaria preparando novas ações.
O suposto abrigo de membros do grupo separatista por Chávez tem sido fonte de atrito entre Espanha e Venezuela desde a chegada do mandatário ao poder, em 1999.
O venezuelano sempre negou proteger o grupo terrorista, que luta pela independência do País Basco, região entre Espanha e França.
Atualmente enfraquecido, o ETA anunciou há três meses um cessar-fogo.
Em outubro deste ano, a Chancelaria da Espanha disse que dois detidos do grupo teriam afirmado que foram treinados na Venezuela.
O elo do ETA no país seria Arturo Cubillas, um homem supostamente de nacionalidades espanhola e venezuelana, que ministraria cursos também para as Farc colombianas. Cubillas é funcionário do Ministério da Agricultura da Venezuela.
No mesmo documento revelado pelo WikiLeaks, Rice afirma que os EUA haviam "descoberto" que ignorar Chávez é mais eficiente e que a falta de atenção o frustra mais do que as críticas.


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