DA REDAÇÃO

O ex-chefe da inteligência e homem forte do governo do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), Vladimiro Montesinos, pode ter recebido apoio da CIA (serviço de inteligência dos EUA) para traficar armas para a guerrilha terrorista e marxista colombiana Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
A afirmação foi feita por Ronald Gamarra, promotor responsável pela investigação das acusações contra Montesinos, em entrevista ao diário "El Comércio", de Lima.
O possível envolvimento da CIA surpreende. Um aliado americano (Montesinos), pertencente a um governo que combateu o tráfico de drogas no Peru (Fujimori), vendendo armas para as Farc, um dos principais inimigos dos Estados Unidos no continente e com ligações com o tráfico de drogas. E tudo isso contando com o apoio justamente do serviço de inteligência americano.
Segundo Gamarra, "Montesinos não teria corrido o risco de ser descoberto, a menos que estivesse protegido por um organismo estrangeiro, como a CIA, ao qual estava vinculado desde que era militar". Para o promotor, é "sintomática a recusa da CIA em colaborar com a investigação".
Gamarra não explicou o que a CIA ganharia com a venda de armas para as Farc. Um porta-voz da CIA recusou-se a comentar a acusação do promotor colombiano, dizendo apenas que a declaração é um problema da Justiça.
Preso desde 2001, Montesinos é acusado de violação do Estado peruano, conspiração e violação de um Estado estrangeiro (Colômbia). A gravação de um suborno pago por Montesinos a um político peruano desencadeou o processo que culminou na queda de Fujimori.