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CORRUPÇÃO
Democratas e republicanos correm para apresentar projetos que dêem maior transparência à ação dos grupos de pressão
Escândalo do lobby acua políticos dos EUA
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
Pressionados pela opinião pública diante de um dos maiores
escândalos políticos da história
americana, os partidos Democrata e Republicano começaram a estudar e rascunhar projetos para
mudanças na legislação e endurecimento das regras para a atuação
de lobistas em Washington.
Republicanos tentam repelir a
imagem de corrupção atrelada ao
partido depois de diversas suspeitas, e os democratas jogam duro
para convencer a população de
que as acusações têm sentido.
Durante o recesso do Congresso, que volta a funcionar no início
de fevereiro, lideranças do Partido Republicano na Câmara e no
Senado apresentaram propostas
de ampliar a quarentena de políticos antes que eles possam atuar
como lobistas, banir viagens pagas por lobistas ou empresas e impor maior controle e transparência nos relatórios hoje existentes.
Os democratas insistem em transformar os desvios éticos em crime
e eliminar o sistema que os republicanos criaram para consolidar
sua liderança.
As propostas vêm a reboque do
acordo feito por Jack Abramoff,
lobista ligado aos republicanos,
com a Procuradoria Geral dos Estados Unidos. Ele se declarou culpado e prometeu auxiliar as investigações, o que de pronto provocou respostas até da Casa Branca. Considerado um dos primeiros arrecadadores de campanha
do atual presidente, George W.
Bush, Abramoff admitiu ter desviado dezenas de milhões de dólares enganando clientes. A equipe
de Bush anunciou que parte do
dinheiro levantado pelo lobista
seria doado para a caridade. Apenas uma parte.
Com o capital político obtido
após os atentados de 11 de Setembro, Bush conquistou a maioria
das duas Casas do Congresso. E as
lideranças políticas ali passaram a
planejar um longo prazo de hegemonia republicana em Washington, o que incluiu influenciar as
contratações em poderosas firmas de lobby. Os republicanos seriam preferidos. Desde então, os
democratas reclamam que seus
oponentes mantêm ligações suspeitas com o setor privado.
Para evitar essa imagem, os republicanos propõem agora que se
aumente de um para dois anos a
quarentena de um congressista
ou servidor da Casa antes de atuar
em firmas de lobby. Chegam a sugerir que os presentes, viagens e
ingressos para eventos culturais e
esportivos sejam banidos de todo.
Na proposta dos democratas,
deveria haver mais detalhes nos
relatórios preenchidos hoje com o
nome do lobista e os gastos realizados para influenciar políticos.
Passariam a contar também as refeições e os presentes. E a divulgação ocorreria a cada trimestre,
por meio da internet.
Ambas as propostas ainda são
preliminares. A versão final será
consolidada com a volta dos trabalhos legislativos no início do
mês que vem. Mesmo assim, ambas carecem de um ponto fundamental, e é nisso que se baseiam
as ressalvas dos lobistas: como será feita a fiscalização do cumprimento das regras.
Muitas regras relativas aos lobistas são cumpridas, sobretudo
porque são vagas no que diz respeito aos valores gastos e sobre a
identificação dos clientes.
Desde o ano passado, o Congresso vem tentando modificar as
regras e tornar mais eficaz a fiscalização. As eleições deste ano e a
repercussão do caso Abramoff
contribuem para turbinar o assunto. Ainda é preciso, porém, verificar como será na prática. Para
isso, apenas o tempo.
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