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Confissão de Abramoff apressou reformas
DE WASHINGTON
A imposição de limites para a
atuação de lobistas na capital dos
EUA surgiu após anos de críticas
de ONGs e de políticos de oposição, além de grandes investigações criminais envolvendo políticos no Congresso e interesses escusos da iniciativa privada. Foi
preciso que um grande lobista admitisse culpa no tribunal e concordasse em auxiliar a Procuradoria para que os congressistas
apressassem o passo da reforma.
A influência de grandes empresas no Congresso dos EUA sempre ocorreu, em especial porque o
setor privado é a grande locomotiva da economia americana. Mas
as suspeitas aumentaram durante
o governo de George W. Bush.
Nesse ponto, o discurso do presidente a favor das grandes empresas coincide com os casos que impulsionaram as mudanças na legislação que são discutidas hoje.
No ano passado, o então líder
do governo na Câmara, Tom DeLay, foi o primeiro cacique republicano a ser investigado criminalmente. Ele é acusado de modificar as regras eleitorais para facilitar a eleição de republicanos. O
político renunciou ao cargo e hoje
briga na Justiça para evitar a prisão. Ele também mantinha contatos com o lobista Abramoff, cuja
investigação foi o estopim do movimento de mudanças.
Abramoff é amigo de Bush e tinha ótimo trânsito entre os republicanos.
Com o partido controlando ambas as Casas do Congresso, o lobista ganhou ainda mais destaque
na Capitol Hill -região onde ficam o Congresso e os departamentos (ministérios).
Ele começou a ser investigado
por ter obtido milhões de dólares
de tribos indígenas em troca da
aprovação de leis para permitir a
abertura de cassinos nas reservas.
O dinheiro que recebeu alimentou campanhas políticas de republicanos e de democratas. E irrigou um sistema de favores, viagens e refeições caríssimas. Seu
principal contato na Casa Branca
era Karl Rove, assessor político de
Bush.
A notícia de seu indiciamento e
do acordo que fez com a Procuradoria para delatar comparsas caiu
em Washington como uma bomba. Como muitos de seus negócios, contatos, rede de pagamentos, gastos e resultados ainda são
desconhecidos do grande público, espera-se para os próximos
meses uma avalanche de novos
indiciamentos. No processo, até
agora, há apenas um.
Identificado como "deputado
número 1" no processo, o republicano Bob Ney, de Ohio, foi acusado e responderá na Justiça. É o
primeiro de muitos congressistas,
avisam os investigadores.
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