São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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Confissão de Abramoff apressou reformas

DE WASHINGTON

A imposição de limites para a atuação de lobistas na capital dos EUA surgiu após anos de críticas de ONGs e de políticos de oposição, além de grandes investigações criminais envolvendo políticos no Congresso e interesses escusos da iniciativa privada. Foi preciso que um grande lobista admitisse culpa no tribunal e concordasse em auxiliar a Procuradoria para que os congressistas apressassem o passo da reforma.
A influência de grandes empresas no Congresso dos EUA sempre ocorreu, em especial porque o setor privado é a grande locomotiva da economia americana. Mas as suspeitas aumentaram durante o governo de George W. Bush. Nesse ponto, o discurso do presidente a favor das grandes empresas coincide com os casos que impulsionaram as mudanças na legislação que são discutidas hoje.
No ano passado, o então líder do governo na Câmara, Tom DeLay, foi o primeiro cacique republicano a ser investigado criminalmente. Ele é acusado de modificar as regras eleitorais para facilitar a eleição de republicanos. O político renunciou ao cargo e hoje briga na Justiça para evitar a prisão. Ele também mantinha contatos com o lobista Abramoff, cuja investigação foi o estopim do movimento de mudanças.
Abramoff é amigo de Bush e tinha ótimo trânsito entre os republicanos.
Com o partido controlando ambas as Casas do Congresso, o lobista ganhou ainda mais destaque na Capitol Hill -região onde ficam o Congresso e os departamentos (ministérios).
Ele começou a ser investigado por ter obtido milhões de dólares de tribos indígenas em troca da aprovação de leis para permitir a abertura de cassinos nas reservas. O dinheiro que recebeu alimentou campanhas políticas de republicanos e de democratas. E irrigou um sistema de favores, viagens e refeições caríssimas. Seu principal contato na Casa Branca era Karl Rove, assessor político de Bush.
A notícia de seu indiciamento e do acordo que fez com a Procuradoria para delatar comparsas caiu em Washington como uma bomba. Como muitos de seus negócios, contatos, rede de pagamentos, gastos e resultados ainda são desconhecidos do grande público, espera-se para os próximos meses uma avalanche de novos indiciamentos. No processo, até agora, há apenas um.
Identificado como "deputado número 1" no processo, o republicano Bob Ney, de Ohio, foi acusado e responderá na Justiça. É o primeiro de muitos congressistas, avisam os investigadores. (ID)


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