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SOB NOVA DIREÇÃO / GRANDES EXPECTATIVAS
Obama sobe ao poder com 79% citando otimismo
Futuro presidente quer manter no governo a base de mobilização popular que o elegeu
Apesar de crise, pesquisa mostra que três quartos da população têm expectativas positivas, mas aceitam que mudança não seja rápida
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Com público estimado em
750 mil pessoas, que aglutinadas disfarçavam o frio perto de
0C na tarde de ontem em Wa-
shington, um show com nomes
de primeiro time celebrou Barack Obama e ratificou mais
uma vez a euforia popular com
a qual ele assume amanhã a Casa Branca.
Duas pesquisas divulgadas
pela manhã colocaram números nessa imagem. Na New
York Times/CBS News, 79%
dos americanos estão otimistas
para seu governo -taxa ao menos nove pontos percentuais
superior às dos últimos seis
presidentes. Na aferição Washington Post/ABC News, o
mesmo percentual tem imagem "favorável" a ele.
Para as perguntas sobre como usará a notória expectativa
popular em seu favor, uma resposta ressonante foi dada no
fim de semana. Obama lançou o
projeto "Organizando-se pela
América", em que convoca grupos comunitários que se engajaram em sua campanha para
se filiarem a uma nova rede na
internet, por meio da qual poderão, diz Obama, "continuar
organizando e trazendo mais
gente para o processo político".
Na prática, ele tenta reforçar
a base de apoio para projetos do
governo em ações de voluntariado e arrecadação de dinheiro, mas também de pressão política sobre legisladores e Estados. Assim, quer importar para
a Casa Branca o conceito de revolução "de baixo para cima",
que o impulsionou na eleição.
A boa notícia para o próximo
presidente é que o público que
espera tanto de seu governo
também está disposto a ter paciência. Na pesquisa do "Times", uma minoria prevê mudança efetiva em áreas prioritárias no primeiro ano de governo (na economia, 17%, e em
saúde pública, apenas 9%). A
consulta ouviu 1.112 adultos entre 12 e 15 de janeiro (a margem
de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos).
O número de "otimistas" (79%)
é o maior desde a pesquisa começou, no governo de Jimmy
Carter (1977, 70%).
Desde então, George W. Bush
entrou na Casa Branca com a
menor taxa de esperança (64%)
e saiu dela com o pior índice de
aprovação presidencial de todos os tempos: 22%.
Chão de estrelas
Apesar de a posse de amanhã
ser a mais cara da história (mais
de US$ 150 milhões), Obama
anunciou o corte da verba para
fogos de artifício para o Concerto de Posse, de ontem, para
economizar -e assim mostrar
sintonia com os americanos
diante da crise econômica.
As relações de proximidade e
distância com o povo oscilam.
Ontem, no show no Memorial
Lincoln -que teve estrelas como Bono, Beyoncé e Garth
Brooks-, a família presidencial
ficava no palco protegida por
um aquário blindado. Por outro
lado, so simpatizantes de Obama compartilharão um dos
momentos mais exclusivos da
posse: os bailes de gala.
O site MyBarackObama, rede
social criada para sua campanha por um fundador do Facebook, convocou os mais de 1
milhão de militantes cadastrados a organizar seus próprios
bailes com a comunidade e partilhar juntos da posse, como se
fosse Natal ou Ação de Graças.
"Obama é agora como se fosse da minha família. Essa posse
também é minha", disse à Folha Elisabeth Patrick, vinda de
Indiana para a posse.
O Memorial Lincoln foi onde
Martin Luther King fez, em
1968, o discurso histórico "Eu
tenho um sonho". Obama -que
celebra hoje o feriado pelo líder
negro- disse para a multidão:
"Vocês vieram por acreditar no
que esse país pode ser e vão nos
ajudar a chegar lá".
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