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Outros militares se sublevarão, afirma coronel
DA REDAÇÃO
Outros oficiais venezuelanos
devem se somar à rebelião contra
o presidente Hugo Chávez nos
próximos dias. A previsão é do
coronel Pedro Soto, primeiro oficial da ativa a pedir a renúncia do
presidente, no último dia 7.
O coronel nega que haja um
movimento militar organizado
com o intuito de derrubar o presidente e diz que não haverá golpe.
Segundo ele, o pedido de renúncia faz parte de uma saída institucional para a atual crise política.
"Não adotaremos nenhuma posição extrema", disse ele em entrevista à Folha, por telefone, ontem, de Caracas. Leia a seguir trechos da entrevista.
(RW)
Folha - A sublevação do vice-almirante Carlos Molina Tamayo faz
parte de um movimento organizado para derrubá-lo?
Coronel Pedro Soto - A Venezuela é um país livre. Não podemos
admitir um regime do tipo totalitário como o que vem tentando
implementar o presidente Chávez. Os militares temos a obrigação e a responsabilidade de defender a pátria e as instituições, e é o
que o vice-almirante fez hoje [ontem". Ele está fazendo isso por
vontade própria. E a ele podem se
somar outros oficiais descontentes que façam declarações por sua
própria vontade, por sua própria
consciência.
Folha - Mas os senhores mantêm
contato entre si?
Soto - A regulamentação militar
da Venezuela não permite que façamos reivindicações ou ações
conjuntas. Atuamos de acordo
com a consciência de cada um.
Folha - Na semana passada, o jornal "Tal Cual" publicou uma reportagem sobre um suposto documento, elaborado por oficiais, que estaria circulando nos quartéis como
uma espécie de manual para derrubar o presidente. Existe realmente
um plano para derrubá-lo?
Soto - Não se trata de derrubar o
presidente. Trata-se de fazer uso
das regulamentações e da institucionalidade. E dentro da institucionalidade está prevista a renúncia do presidente.
Folha - E se ele não renunciar, o
que acontecerá?
Soto - O povo continuará lutando. Eu espero que a Venezuela siga lutando até que o presidente
tome essa decisão.
Folha - E isso incluiria um movimento armado para derrubá-lo?
Soto - Eu não imagino nenhum
golpe de Estado, nenhum governo de fato.
Folha - O presidente, por ter participado de um golpe, em 1992, teria hoje autoridade para evitar um
golpe contra si próprio?
Soto - Não sei se o presidente
tem autoridade moral para nada.
O presidente não pode tratar de
implementar um sistema totalitário, tirânico, na Venezuela, quando nós não estamos dispostos a
suportá-lo nem a aceitá-lo. Enquanto ele se mantiver fora do sistema democrático, vamos combatê-lo. Vamos combatê-lo com
nossas idéias, com nosso pensamento, com nossas ações. Não
adotaremos nenhuma posição
extrema. Seremos democráticos,
como é a Constituição venezuelana, agora e sempre.
Folha - Na semana passada, o sr.
estabeleceu uma data-limite, até o
dia 19 de abril, para que o presidente renuncie ou mude os rumos
de seu governo. O que acontecerá
se ele não mudar nem renunciar?
Soto - Veremos. O povo é que
vai decidir.
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