São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

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Damasco e Teerã pregam união anti-EUA

Encontro entre líderes no Irã é marcado por discursos de aliança entre muçulmanos contra o Ocidente

DA REDAÇÃO

Terminou ontem com declarações de cunho pan-islamita o encontro entre o ditador da Síria, Bashar Assad, e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Essa foi a quinta visita de Assad a Teerã desde que assumiu o poder, em 2000. Os dois governos são acusados pelos EUA de fomentar a violência no Iraque.
Segundo diplomatas árabes, o encontro deu-se em clima de tensão, já que a Síria estaria se sentido traída pelo Irã, pois os iranianos e os sauditas estariam unindo esforços para cooperar com a diminuição da violência sectária no Iraque e da tensão entre muçulmanos e cristãos no Líbano.
No Iraque, onde a maioria, xiita, está em conflito com a minoria sunita, os dois países têm interesses distintos porque o Irã é o maior país xiita do mundo, enquanto a maioria dos muçulmanos sírios é sunita.
Já no Líbano, os muçulmanos têm apoio da Síria na disputa pelo poder com os cristãos, pró-Ocidente, e que estão atualmente no governo. O Hizbollah, milícia xiita que se envolveu no ano passado em conflito militar com Israel, no sul do Líbano, é financiada não só por Damasco como por Teerã.
Apesar disso, as declarações finais pregaram a união entre os países islâmicos contra a influência ocidental, principalmente dos EUA, na região.
"A criação de uma rusga entre os muçulmanos é a última arma deles", declarou Assad, segundo a televisão estatal iraniana. Apesar de não haver determinado a quem se referia em suas palavras, Assad já havia dito, ainda em Teerã, que os EUA e Israel tinham "intenções escusas" na região.
Ahmadinejad, afinou seu discurso com o do colega sírio. Qualificando a visita de Assad como "proveitosa", Ahmadinejad afirmou que "a atual situação na região, especialmente no Iraque, na Palestina (sic), no Líbano e no Afeganistão, fez duplicar a necessidade de cooperação entre o Irã e a Síria, principalmente a fim de enfrentar os planos dos inimigos".

"Planos"
Assad esteve também com o aiatolá Ali Khamenei, clérigo máximo e líder de fato do Irã.
Segundo a TV estatal iraniana, Khamenei declarou que Teerã e Damasco devem se unir para frustrar os "planos" dos EUA no Oriente Médio. O aiatolá afirmou ainda que os dois países deveriam apoiar o governo -xiita- do premiê iraquiano Nuri al Maliki e "a vontade do povo libanês".


Com agências internacionais


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