São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 2002

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Carmona pede perdão por "erros"

DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

Presidente mais efêmero da história venezuelana, o líder empresarial Pedro Carmona pediu ontem perdão por erros que teria cometido durante a tentativa frustrada de derrubar Hugo Chávez.
"Se cometi algum erro, peço desculpas ao povo venezuelano. Não sou nenhum golpista, nunca quis ser um Pinochet", afirmou, referindo-se ao general Augusto Pinochet, que tomou o poder no Chile em 1973 por meio de um golpe patrocinado pelos EUA.
Carmona reconhece ter errado ao concluir, na noite de quinta-feira da semana passada, que Chávez renunciara sem antes ter visto uma carta de renúncia assinada pelo presidente. "Satisfiz-me com o anúncio do inspetor-geral das Forças Armadas, general Lucas Rincón, de que ele havia renunciado. Foi um erro."
Essa declaração afina-se com a estratégia sugerida a ele por seus advogados. O empresário está em prisão domiciliar e é réu num processo criminal por liderar um golpe de Estado. Segundo seus advogados, Carmona não quis derrubar Chávez, mas achou que ele já houvera renunciado e que havia um vácuo de poder. O líder empresarial também negou que tenha servido de "marionete" de grupos privados, embora não negue que um dos donos da empresa Venoco, da qual Carmona foi executivo, participou da escolha de seus ministros provisórios.
Outros golpistas também tentaram defender-se ontem. O general Néstor González, ex-comandante da Escola Militar do Exército e um dos apoiadores do golpe, declarou que Chávez concordara em renunciar antes de se entregar às autoridades desde que o deixassem partir com a família para Cuba. A renúncia não teria sido aceita acharam que não seria uma boa idéia deixar Chávez, pois o presidente deveria ser processado pela repressão a uma manifestação contra o governo.
Chávez e seus partidários sustentam que "conspiradores" provocaram as mortes para culpar Chávez e derrubar o governo.



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