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Olhar feminino é a mudança, diz governista
DO ENVIADO A ASSUNÇÃO
Candidata do Partido Colorado à Presidência do Paraguai,
no poder há 61 anos, a ex-ministra da Educação Blanca Ovelar, 50, disse, em entrevista à
Folha, que sua promessa de
mudança não é contraditória
porque, caso vença, será a primeira mulher a liderar o país.
Ex-jogadora de basquete,
psicóloga e professora, ela está
em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Fernando Lugo.
Blanca se irritou com o repórter por abordar denúncias de
fraude. As perguntas da Folha
foram feitas numa entrevista
da qual participaram outros
dois veículos estrangeiros. Leia
os principais trechos.
(FV)
FOLHA - A campanha da sra. fala
em mudança, mas como convencer
o eleitor, sendo que o seu partido está no poder há 61 anos?
BLANCA OVELAR - Porque a mudança não significa uma mudança de cor, de partido, mas
uma mudança no conceito na
política. A oposição teve espaços de poder e não demonstrou
que tenha virtudes novas nem
capacidade de transformação,
senão Assunção [já governada
pelo PLRA, de oposição] seria
uma cidade diferente.
FOLHA - Mas a oposição não teve o
poder em nível federal...
BLANCA - Mas teve nos departamentos [Estados] e na capital. E não mudaram o enfoque
da política. A sociedade exige
essa mudança, porque já não
vamos voltar a modelos autoritários, para permitir que surjam atores, setores e minorias
muito tempo invisíveis aos
olhos do Estado. Essa nova realidade requer um olhar mais
compreensivo e amplo, um
olhar de mulher. Eu represento
a alternância real porque pela
primeira vez uma mulher vai
presidir este país.
FOLHA - O Colorado é o partido há
mais tempo no poder no Ocidente...
BLANCA - [interrompendo] Depois do PRI [México].
FOLHA - Mas o PRI deixou o poder.
Como analisa a importância da alternância de poder?
BLANCA - Sim, creio que a alternância é importante, e a alternância real sou eu, uma mulher
presidente. Os outros partidos
cometeram os mesmos erros
que criticaram. Vou trabalhar
como no Ministério da Educação, onde jamais fui a um ato
político e lutei pela despartidarização da educação.
FOLHA - A oposição diz temer fraude. A sra. vai respeitar o resultado?
BLANCA - Há três meses ninguém falava de fraude, quando
as pesquisas mostravam a APC
[de Lugo] na frente. Quando
minha candidatura cresceu, a
oposição começa a falar de
fraude. Os paraguaios sabemos
fazer eleições limpas, as últimas três eleições foram inquestionáveis. Vou respeitar o resultado ainda que perca por um
voto. Mas exijo o mesmo.
FOLHA - Mas há denúncias de fraude inclusive nas primárias colaradas.
BLANCA - As denúncias mais
graves são [das prévias] do Partido Liberal, onde se demonstrou que havia mortos na lista
de votantes. O candidato a vice
de Lugo [Federico Franco] ganhou por 600 votos, e as pesquisas antes lhe davam 15 pontos de vantagem. [Luis] Castiglioni [o colorado derrotado]
apresentou denúncias, mas não
mostrou um só documento.
FOLHA - Queria perguntar sobre o
Brasil...
BLANCA - [irritada] Mas você
gastou mais tempo falando de
fraude de Castiglioni, isso não é
certo. Ficou falando de Castiglioni e não perguntou sobre
política internacional.
NA INTERNET
www.folha.com.br/0000081094
Leia a íntegra da entrevista
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