São Paulo, sábado, 19 de abril de 2008

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Olhar feminino é a mudança, diz governista

DO ENVIADO A ASSUNÇÃO

Candidata do Partido Colorado à Presidência do Paraguai, no poder há 61 anos, a ex-ministra da Educação Blanca Ovelar, 50, disse, em entrevista à Folha, que sua promessa de mudança não é contraditória porque, caso vença, será a primeira mulher a liderar o país. Ex-jogadora de basquete, psicóloga e professora, ela está em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Fernando Lugo.
Blanca se irritou com o repórter por abordar denúncias de fraude. As perguntas da Folha foram feitas numa entrevista da qual participaram outros dois veículos estrangeiros. Leia os principais trechos. (FV)

 

FOLHA - A campanha da sra. fala em mudança, mas como convencer o eleitor, sendo que o seu partido está no poder há 61 anos?
BLANCA OVELAR
- Porque a mudança não significa uma mudança de cor, de partido, mas uma mudança no conceito na política. A oposição teve espaços de poder e não demonstrou que tenha virtudes novas nem capacidade de transformação, senão Assunção [já governada pelo PLRA, de oposição] seria uma cidade diferente.

FOLHA - Mas a oposição não teve o poder em nível federal...
BLANCA
- Mas teve nos departamentos [Estados] e na capital. E não mudaram o enfoque da política. A sociedade exige essa mudança, porque já não vamos voltar a modelos autoritários, para permitir que surjam atores, setores e minorias muito tempo invisíveis aos olhos do Estado. Essa nova realidade requer um olhar mais compreensivo e amplo, um olhar de mulher. Eu represento a alternância real porque pela primeira vez uma mulher vai presidir este país.

FOLHA - O Colorado é o partido há mais tempo no poder no Ocidente...
BLANCA
- [interrompendo] Depois do PRI [México].

FOLHA - Mas o PRI deixou o poder. Como analisa a importância da alternância de poder?
BLANCA
- Sim, creio que a alternância é importante, e a alternância real sou eu, uma mulher presidente. Os outros partidos cometeram os mesmos erros que criticaram. Vou trabalhar como no Ministério da Educação, onde jamais fui a um ato político e lutei pela despartidarização da educação.

FOLHA - A oposição diz temer fraude. A sra. vai respeitar o resultado?
BLANCA
- Há três meses ninguém falava de fraude, quando as pesquisas mostravam a APC [de Lugo] na frente. Quando minha candidatura cresceu, a oposição começa a falar de fraude. Os paraguaios sabemos fazer eleições limpas, as últimas três eleições foram inquestionáveis. Vou respeitar o resultado ainda que perca por um voto. Mas exijo o mesmo.

FOLHA - Mas há denúncias de fraude inclusive nas primárias colaradas.
BLANCA
- As denúncias mais graves são [das prévias] do Partido Liberal, onde se demonstrou que havia mortos na lista de votantes. O candidato a vice de Lugo [Federico Franco] ganhou por 600 votos, e as pesquisas antes lhe davam 15 pontos de vantagem. [Luis] Castiglioni [o colorado derrotado] apresentou denúncias, mas não mostrou um só documento.

FOLHA - Queria perguntar sobre o Brasil...
BLANCA
- [irritada] Mas você gastou mais tempo falando de fraude de Castiglioni, isso não é certo. Ficou falando de Castiglioni e não perguntou sobre política internacional.


NA INTERNET
www.folha.com.br/0000081094
Leia a íntegra da entrevista



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