São Paulo, sábado, 19 de abril de 2008

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Carter sugere a Hamas trégua com Israel

Acordo incluiria troca de prisioneiros e fim dos ataques; grupo responderá à oferta "nos próximos dias"

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente americano (1977-81) e ganhador do Prêmio Nobel da Paz Jimmy Carter reuniu-se ontem em Damasco, Síria, com o líder exilado do grupo palestino Hamas, Khaled Meshaal, a quem sugeriu um cessar-fogo com Israel.
O encontro foi um desafio às políticas da Casa Branca e de Israel, que defendem o isolamento da organização, por classificarem-na como terrorista.
Durante as mais de quatro horas de reunião na representação local do Hamas, Carter e Meshaal discutiram sobre a possibilidade de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que incluiria a libertação de prisioneiros dos dois lados.
Carter transmitiu a Meshaal -o líder de maior influência sobre o grupo- a proposta de um ministro israelense de negociar a libertação do soldado Gilad Shalit, capturado por radicais palestinos em Gaza há dois anos, em troca da soltura de palestinos presos por Israel.
À frente do Ministério do Comércio, uma das pastas na cota do partido religioso Shas dentro da coalizão que governa Israel, Eli Yishai detalhou a proposta em encontro com Carter no último fim de semana, quando o ex-presidente americano iniciou por Israel um giro pelo Oriente Médio.
Yishai foi o único ministro a receber Carter em sua passagem por Israel. O governo israelense está irritado com a posição do ex-presidente americano, que defende abertamente a inclusão do Hamas e do libanês Hizbollah, também considerado terrorista por Israel e EUA, em conversas de paz.
O Hamas disse que o grupo está disposto a uma trégua e prometeu uma resposta sobre uma possível troca de prisioneiros nos "próximos dias".
Carter também ficou sem resposta em relação a sua segunda proposta: que o Hamas cesse o lançamento de mísseis contra Israel a partir de Gaza.
Carter se reuniu ainda com o ditador sírio, Bashar Assad, o que levou a Casa Branca a dizer que o ex-presidente está sendo "usado" por Damasco e o encontro o "expunha".
A visita do ex-presidente americano ocorre sob um conturbado contexto, no qual o domínio do Hamas sobre Gaza é visto por Israel e EUA como um entrave às negociações de paz mediadas pela Casa Branca.
Nas eleições legislativas de janeiro de 2006, o Hamas conquistou maioria no Parlamento palestino, mas o rival Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, nunca permitiu que o governo liderado pelo grupo islâmico controlasse as forças de segurança palestinas. Conflitos entre os dois culminaram na tomada de Gaza pelo Hamas, em junho de 2007, e no conseqüente isolamento do grupo.
Arquiteto do tratado de paz entre Egito e Israel (1979), Carter diz que só quer "ouvir todos os envolvidos". Ele visita ainda Jordânia e Arábia Saudita.


Com agências internacionais


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