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Alba insiste em veto a declaração final
Apesar de clima afável, venezuelano diz que bloco não assinará texto de cúpula; Morales ataca incentivo a biocombustíveis
Sem consenso, alternativa
estudada é enfatizar síntese de evento a ser feita por anfitrião, que acomodaria
defesa da inclusão de Cuba
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN
Apesar dos elogios ao bom
ambiente que predomina na
Cúpula das Américas, os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia) reiteraram ontem que manterão a
decisão da Alba (Alternativa
Bolivariana para as Américas)
de vetar o documento final.
Principal porta-voz da Alba,
Chávez afirmou três vezes que
os países do bloco não mudariam a posição adotada durante
a cúpula realizada na Venezuela, às vésperas do encontro em
Trinidad e Tobago.
Em entrevista coletiva, Morales afirmou que não assinará
o documento caso o tema dos
biocombustíveis não seja alterado. Na avaliação do boliviano,
o incentivo a esse tipo de energia compete com a produção de
alimentos, aumentando seu
preço e gerando miséria.
A declaração final, que tem
97 pontos e levou cerca de oito
meses para ser negociada, fala
em incentivar "o desenvolvimento sustentável, a produção
e o uso de biocombustíveis tanto atuais como futuros, atentos
a seu impacto social, econômico e ambiental".
Sem mencionar Morales, o
presidente Lula defendeu os
biocombustíveis durante a sessão plenária. Em seu discurso
de ontem, afirmou que "seríamos os primeiros a condenar os
biocombustíveis se ameaçassem a oferta de alimentos ou a
preservação de florestas".
Como o documento final é
tradicionalmente aprovado por
consenso entre os países, a
principal alternativa discutida
ontem era ressaltar a síntese do
encontro, sob responsabilidade
do premiê Patrick Manning.
Segundo fontes diplomáticas, na síntese seria possível
mencionar a questão cubana,
como exigia a Alba, não mencionada na declaração final.
Morales e Obama
Destoando da cordialidade
do aliado Chávez, Morales foi
mais duro com Obama. Durante a reunião do presidente americano com a Unasul, o boliviano pediu que ele se pronunciasse sobre a descoberta de um suposto plano para matá-lo, na
semana passada.
Obama respondeu, segundo
relato do presidente da Guiana,
Bharrat Jagdeo, presente à reunião, que os EUA não têm como
política envolver-se em magnicídios.
Mais tarde, em entrevista coletiva, Morales voltou a acusar
os EUA de se aliarem com a "direita boliviana" para derrubá-lo, mas eximiu Obama de responsabilidade ao afirmar que
ele acaba de tomar posse.
Colaborou SÉRGIO DÁVILA
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