São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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Alba insiste em veto a declaração final

Apesar de clima afável, venezuelano diz que bloco não assinará texto de cúpula; Morales ataca incentivo a biocombustíveis

Sem consenso, alternativa estudada é enfatizar síntese de evento a ser feita por anfitrião, que acomodaria defesa da inclusão de Cuba

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN

Apesar dos elogios ao bom ambiente que predomina na Cúpula das Américas, os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia) reiteraram ontem que manterão a decisão da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) de vetar o documento final.
Principal porta-voz da Alba, Chávez afirmou três vezes que os países do bloco não mudariam a posição adotada durante a cúpula realizada na Venezuela, às vésperas do encontro em Trinidad e Tobago.
Em entrevista coletiva, Morales afirmou que não assinará o documento caso o tema dos biocombustíveis não seja alterado. Na avaliação do boliviano, o incentivo a esse tipo de energia compete com a produção de alimentos, aumentando seu preço e gerando miséria.
A declaração final, que tem 97 pontos e levou cerca de oito meses para ser negociada, fala em incentivar "o desenvolvimento sustentável, a produção e o uso de biocombustíveis tanto atuais como futuros, atentos a seu impacto social, econômico e ambiental".
Sem mencionar Morales, o presidente Lula defendeu os biocombustíveis durante a sessão plenária. Em seu discurso de ontem, afirmou que "seríamos os primeiros a condenar os biocombustíveis se ameaçassem a oferta de alimentos ou a preservação de florestas".
Como o documento final é tradicionalmente aprovado por consenso entre os países, a principal alternativa discutida ontem era ressaltar a síntese do encontro, sob responsabilidade do premiê Patrick Manning.
Segundo fontes diplomáticas, na síntese seria possível mencionar a questão cubana, como exigia a Alba, não mencionada na declaração final.

Morales e Obama
Destoando da cordialidade do aliado Chávez, Morales foi mais duro com Obama. Durante a reunião do presidente americano com a Unasul, o boliviano pediu que ele se pronunciasse sobre a descoberta de um suposto plano para matá-lo, na semana passada.
Obama respondeu, segundo relato do presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, presente à reunião, que os EUA não têm como política envolver-se em magnicídios.
Mais tarde, em entrevista coletiva, Morales voltou a acusar os EUA de se aliarem com a "direita boliviana" para derrubá-lo, mas eximiu Obama de responsabilidade ao afirmar que ele acaba de tomar posse.


Colaborou SÉRGIO DÁVILA


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