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Para ONU e ONGs, dinheiro é usado em projetos necessários
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A ajuda humanitária emergencial movimentou US$ 11,6
bilhões em 2008, segundo a
ONU, e a ajuda oficial para o desenvolvimento de países (ODA,
na sigla em inglês), alvo de críticas, foi de US$ 119 bilhões, nos
cálculos da Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD).
O bengalês-americano Iqbal
Quadir, do MIT, defende a ajuda emergencial, mas condena o
dinheiro dado a governos, usado "para comprar alianças estratégicas", diz ele. Cita como
exemplo o Paquistão, "que há
décadas recebe dinheiro sem
mostrar progressos reais".
Críticas como as de Quadir
ganharam eco com a recente
publicação do livro "Dead Aid
-Why Aid is Not Working and
How There's a Better Way for
Africa" [Ajuda morta - Por que
a ajuda não tem funcionado e
como há um melhor caminho
para a África], da zambiana
Dambisa Moyo.
Ex-funcionária do Goldman
Sachs, Moyo -chamada de
"anti-Bono" pelo "New York
Times", por criticar a cultura de
celebridades em torno da ajuda
humanitária- sustenta no livro que os investimentos na
África criaram o "mito de que
bilhões de dólares de países ricos ajudaram o continente.
[Mas] os níveis de pobreza continuam a crescer (...) -e milhões continuam sofrendo".
Educação e malária
Para os defensores da ajuda
humanitária, porém, esses argumentos desconsideram os
projetos bem sucedidos de aplicação de dinheiro doado, que
podem ser prejudicados com
cortes orçamentários.
"Tente ver isso pelo ângulo
dos mais pobres. A ajuda é crucial para muitas pessoas. Em
geral, a ONU recebe 65% do dinheiro que solicita, não podemos permitir que isso se reduza
ainda mais", defendeu Stephanie Bunker, porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
"A ajuda permitiu que 30 milhões de crianças africanas frequentassem a escola", argumentou John McArthur, da
ONG Millennium Promise, nos
EUA, apontando que o orçamento das ações humanitárias
é "mínimo se comparado aos
pacotes de estímulo" aprovados pelos países ricos. Se esse
valor cair, diz, "avanços na educação ou no combate à malária
podem se perder".
Já Moyo crê que o crescimento das nações pobres depende de investimento em microcrédito e emissão de títulos
no exterior -mas o êxito disso
têm ficado cada vez mais difícil
com a atual escassez de crédito.
Quadir defende doações a
ONGs e empreendedores, mas
não a governos.
Para Randolph Kent, diretor
do Humanitarian Future Programme da Universidade
King's College, em Londres, a
crise econômica pode derivar
em mudanças na ajuda humanitária. "As [entidades] provedoras podem ganhar um papel
estratégico, aprender a fazer
mais com menos dinheiro, a
entender melhor o ambiente
[onde atuam] e a ser mais ativas
na promoção do desenvolvimento", disse.
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