São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2000


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VENEZUELA
Modelo econômico do presidente é considerado "muito ruim" por 52% dos executivos consultados em pesquisa
78% dos empresários reprovam Chávez

France Press
Em Caracas, mendigo procura comida em contêiner ao lado de propaganda eleitoral de Chávez


LARISSA PURVINNI
DA REDAÇÃO

O modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, favorito para obter a reeleição no dia 28, é desaprovado por 78% dos empresários, mostra pesquisa do instituto Datanálisis feita com 250 presidentes de companhias nacionais e estrangeiras instaladas no país. Desses, 52% o consideram "muito ruim". O levantamento, que se refere a fevereiro e março, revela uma classe empresarial pessimista com o futuro imediato da economia venezuelana. Segundo a pesquisa, o empresariado não espera que a tendência negativa mude até o final do ano. O desempenho da economia também é o item que mais preocupa os eleitores. Entre os temas que devem ter mais atenção do governo estão os da criação de empregos (24,3%) e o da reativação da economia (18,8%), segundo pesquisa do mesmo instituto divulgada ontem. A única coisa que preocupa mais os venezuelanos além do bolso é a segurança, citada por 18,3% dos entrevistados. Quando Chávez assumiu, em dezembro de 98, e sua popularidade atingia índices de até 80%, analistas apostavam que o apoio ao presidente encolheria à medida que piorassem os indicadores econômicos. O discurso populista perderia a força, e a população passaria a cobrar resultados. No entanto, avaliação qualitativa do Datanálisis mostra que os eleitores acreditam que Chávez merece mais tempo para consolidar sua "revolução bolivariana". Mesmo com desemprego recorde de 16%, segundo dados oficiais, e queda de 5% no poder aquisitivo, o governo ainda é bem avaliado por 54% da população. Coincidência ou não, o principal adversário de Chávez na corrida presidencial, Francisco Arias Cárdenas, apresentou seu programa de governo ontem afirmando que "dar mais tempo a Chávez é prolongar a agonia do país". Arias, que participou com o atual presidente da tentativa de golpe fracassada de 92 e rompeu com Chávez no início do ano, acusando-o de trair os ideais do movimento, adotou um tom conciliatório em relação ao empresariado, dizendo que não se pode agredir os responsáveis pela criação de empregos. A desaprovação dos empresários revelada pela pesquisa é resultado também do discurso agressivo de Chávez contra a classe empresarial e a sua suposta tolerância com o desrespeito à propriedade privada, representado por invasões de terra, segundo o diretor-executivo do Datanálisis, Luis Vicente León. A má avaliação, mais do que um descontentamento com a economia, revela uma desaprovação a Chávez, segundo ele. "Temos de lembrar que os empresários fazem parte da camada mais alta da população, que rejeita Chávez", afirmou à Folha. A última pesquisa do instituto antes das eleições, divulgada ontem, mostra que o Chávez tem 63% dos votos das classes mais baixas. Arias é apoiado por 68% dos eleitores dos estratos altos e médios.


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