São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2005

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SUSTO

Para polícia federal, artefato atirado na direção do presidente na semana passada era real e não explodiu por falha de funcionamento

Granada ameaçou Bush na Geórgia, diz FBI

NIKO MCHEDLISHVILI
DA REUTERS, EM TBILISI (GEÓRGIA)

O FBI (polícia federal dos EUA) declarou ontem que uma granada atirada na direção de George W. Bush durante sua visita à Geórgia, na semana passada, constituiu ameaça real ao líder americano e só não explodiu porque apresentou problema de funcionamento.
Um representante do FBI na Embaixada dos EUA em Tbilisi disse que a granada estava ativa e caiu a 30 metros de distância de Bush. "Consideramos o ato uma ameaça à saúde e ao bem-estar do presidente dos EUA e à do presidente da Geórgia, além da multidão de georgianos que estavam presentes", disse o adido legal do FBI na embaixada, C. Bryan Paarmann. Ele afirmou que foi oferecida uma recompensa por informações que levem à prisão e condenação do responsável. "A granada de mão parece ser um artefato ativo que apenas deixou de funcionar por um problema em seu mecanismo de ativação."
Suas declarações contradizem o que foi dito na ocasião pela polícia da Geórgia, para a qual a granada era falsa e teria sido deixada no local para semear o pânico entre as dezenas de milhares de pessoas que foram recepcionar Bush.
O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que Bush de maneira nenhuma perdeu confiança no serviço secreto, encarregado de sua proteção.
Quando o incidente ocorreu, a Casa Branca declarou que Bush não chegou a correr perigo. "O serviço secreto não considerou que ele tivesse corrido perigo naquele momento. Desde então, recebemos maiores informações", disse McClellan.

Recepção calorosa
A granada foi atirada no momento em que Bush e o presidente Mikhail Saakashvili, da Geórgia, estavam discursando. Bush teve uma recepção calorosa quando saudou o país, que pertencia à URSS, como "farol da liberdade".
A multidão reunida na praça da Liberdade foi a maior desde que os partidários de Saakashvili fizeram a chamada "revolução rosa", que o levou ao poder em 2003.
Os jornalistas observaram que a multidão era tão grande que superou a capacidade dos detectores de metal montados na praça.
Um escudo à prova de balas foi erguido em torno de parte do palanque, com uma abertura grande diretamente em frente ao microfone. Como todo o Cáucaso, a Geórgia vive em estado de turbulência desde a queda do comunismo. Numa entrevista concedida naquele dia, Bush disse que apoiava os esforços do país para conquistar de volta duas regiões rebeldes favoráveis a Moscou, a Ossétia do Sul e a Abkházia.
Autoridades georgianas disseram que a granada havia atingido uma pessoa que estava no local e caído no chão, mas não tinham pistas sobre quem a pudesse tê-la atirado. O porta-voz do Ministério do Interior, Guram Donadze, declarou: "A granada bateu na cabeça de uma menina. Outros detalhes estão sendo investigados".
Paarmann disse que a granada estava embrulhada num lenço de cor escura. Ele pediu que possíveis testemunhas se apresentem para contar o que viram. Uma recompensa de 20 mil laris -aproximadamente US$ 11 mil- está sendo oferecida por informações "que levem à prisão e à condenação desse indivíduo".
A Geórgia faz fronteira com a Tchetchênia e já chamou a atenção mundial por estar na rota de um grande oleoduto, financiado em parte pelos EUA, que liga os poços petrolíferos do mar Cáspio aos mercados mundiais.


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