São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2011

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EUA impõem sanções contra líder sírio

Obama congela bens de ditador Assad na véspera de aguardado discurso que terá mundo árabe como tema

Presidente americano deve anunciar pacote de ajuda econômica para apoiar democratização de Tunísia e Egito


France Presse
Israelenses patrulham colinas do Golã, reivindicadas pela Síria desde 1967; militar à direita usa equipamento antimina

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Os EUA impuseram ontem sanções ao ditador da Síria, Bashar Assad, e a seis altos assessores por abusos dos direitos humanos praticados na esteira dos protestos por democracia que, segundo ativistas, já mataram pelo menos 700 pessoas nos últimos dois meses.
A ação dura chega na véspera de um importante discurso do presidente Barack Obama sobre a política externa americana para o Oriente Médio e em meio às revoltas árabes e a novas tensões no impasse israelo-palestino.
Na prática, ficam congelados bens das pessoas afetadas pelas sanções. Indivíduos americanos e empresas sob jurisdição do país não podem negociar com elas.
Simbolicamente, é uma mudança importante na política americana ao país.
Antes considerado um líder com potencial modernizador, Assad ontem reconheceu que houve erros na repressão e culpou a polícia.
Em vão. As sanções já foram seguidas por pedidos de ações semelhantes em países como Alemanha e Suíça, e cresceram especulações sobre pressão internacional pela saída do sírio do poder.
Na contramão das sanções à Síria, Obama deve anunciar, ainda na fala de hoje, um pacote de ajuda econômica para incentivar a democratização na Tunísia e no Egito, onde ditadores foram varridos do poder por revoltas no início deste ano.
A medida inclui inicialmente US$ 1 bilhão em alívio de dívida para o Egito, além de outro US$ 1 bilhão em empréstimos. Washington também quer uma iniciativa de comércio e investimento para o Oriente Médio e o norte da África e construir um pacto regional de comércio.
Se os levantes contra ditadores árabes devem ser o foco do discurso de Obama, ele também vem tentando ligar a ebulição na região ao impasse entre Israel e os palestinos.
E faz isso um dia antes de se reunir com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca para discutir as interrompidas negociações de paz.
O momento é delicado. O enviado especial de Obama ao Oriente Médio, George Mitchell, acaba de renunciar, frustrado com o impasse.
Israel considera praticamente impossível voltar à mesa com os palestinos depois do anúncio em abril de acordo entre o laico Fatah, que controla a Cisjordânia, e o radical Hamas, que governa a faixa de Gaza e é considerado terrorista por EUA e israelenses.
Já os palestinos estão se esforçando para buscar reconhecimento para um Estado na ONU em setembro, contrariando não apenas Israel mas também os EUA, que não aprovam o processo sem negociação.


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