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ilustrada em cima da hora
Lars von Trier constrange Cannes com declaração nazista
Cineasta dinamarquês se retratou após dizer "entender" Hitler
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
O Festival de Cannes, simbolizado pela pompa do tapete vermelho e pelo protocolo, teve de lidar ontem com
um constrangimento e tanto.
O cineasta dinamarquês
Lars von Trier, que está na
competição pela Palma de
Ouro com "Melancholia"
(melancolia), disse, durante
conferência de imprensa sobre seu filme, que era nazista
e que simpatizava um pouco
com Hitler.
As frases foram ditas no
meio de um discurso non-sense motivado pela pergunta de uma jornalista. A repórter afirmou ter lido, certa vez,
que Trier era um admirador
da estética nazista e pediu:
"O senhor poderia aprofundar essa ideia?".
Trier (que já deixara a atriz
Kristin Dunst corada ao usá-la como exemplo de alguém
que teve de lidar com depressão, tema do seu filme) deu
início então a uma fala que
partiu da cineasta dinamarquesa -e judia- Susanne
Bier para chegar a Hitler.
"Durante muito tempo, eu
pensei que fosse judeu, e eu
estava feliz com isso", afirmou. "Mas então um dia vi
que era, na verdade, nazista.
(...) Entendo Hitler, simpatizo um pouco com ele."
Percebendo que estava ficando em maus lençóis, disse, em seguida, que também
gostava "muito" dos judeus.
"Muito, não. Um pouco",
emendou, com o tom de pilhéria que manteve durante
toda a conversa.
Seguiu-se então outra pergunta. Mas Trier não se conteve: "Bom, eu, como nazista...". E aí o mediador da mesa pôs fim à entrevista.
Poucas horas depois das
declarações, a organização
do festival disse, em comunicado, lamentar o ocorrido e
que, procurado, Trier teria se
desculpado e dito que se deixara levar por provocação.
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