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DIREITOS CIVIS
Protesto contra casamento homossexual é o primeiro promovido pela igreja em 20 anos
Igreja reage a união gay na Espanha
MARI CARMEN NOGUERA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Intensificando as pressões sobre
o governo do socialista José Luis
Rodríguez Zapatero, a Igreja Católica e o oposicionista Partido
Popular reuniram ontem 166 mil
pessoas, segundo a polícia, em
um protesto em Madri contra o
casamento gay na Espanha, que
deve ser legalizado em julho.
A manifestação, que começou
às 17h (13h em Brasília) com a expectativa de atrair 500 mil sob o
lema "É a família que importa. Pelo direito a uma mãe e um pai. Pela liberdade", foi convocada pela
organização católica Fórum da
Família e contou com a participação de 18 bispos.
Trata-se do primeiro protesto
político antigovernista, em mais
de 20 anos, organizado pela igreja
no país, onde 94% se declaram católicos. O papa Bento 16, que
quando cardeal era árduo crítico
da união entre gays, já pediu aos
bispos espanhóis que "reforcem"
a mensagem cristã no país.
Os organizadores do protesto
disseram ter fretado 600 ônibus e
cerca de dez trens para levar manifestantes à capital, além de vôos
das Ilhas Canárias e Baleares.
"A união de pessoas do mesmo
sexo é uma negação explícita da
verdade do matrimônio", disse à
Folha Leopoldo Vives, secretário
da Família e Vida da Conferência
Episcopal Espanhola.
O projeto de lei que modifica o
Código Civil espanhol para permitir o casamento gay foi proposto pelo governo e aprovado pelo
Congresso em abril deste ano.
Além de legalizar a união, ele reconhece o direito dos casais homossexuais de adotar crianças.
"Trata-se de um experimento psicológico com as crianças", disse
Benigno Blanco, vice-presidente
do Fórum da Família.
Pesquisas mostram que a maioria da população da Espanha
aprova o casamento gay. "Nós só
estamos cumprindo o programa
apresentado nas eleições, no qual
votaram a maioria dos cidadãos",
disse Pedro Zerolo, secretário de
Movimentos Sociais e Relações
com as ONG do PSOE (Partido
Socialista Operário Espanhol). "É
uma reforma que não ataca ninguém, mas que está a favor de
uma sociedade plural", afirmou.
Concomitantemente à manifestação, estava programada uma
festa de rua comandada pelo músico brasileiro Carlinhos Brown.
Associações homossexuais pediram que militantes comparecessem ao evento com bandeiras de
arco-íris, símbolo do orgulho gay.
Horas antes do protesto, a Federação Estatal de Lésbicas, Gays,
Bissexuais e Transexuais
(FELGT) divulgou um manifesto
contra a homofobia assinado por
1.623 organizações sociais e convidou os espanhóis para a parada
do Orgulho Gay, em 2 de julho.
Com agências internacionais
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