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Chanceler argentino renuncia e causa crise
Taiana era tido como aliado da presidente
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
O chanceler argentino, Jorge Taiana, considerado um
dos ministros mais próximos
à presidente Cristina Kirchner, renunciou ao cargo na
manhã de ontem e provocou
uma crise no governo local.
Depois de discutir por telefone com a presidente, Taiana entregou uma carta escrita à mão onde anunciou a
"renúncia irrecusável".
Ele conduzia a diplomacia
argentina desde dezembro
de 2005, ainda no governo de
Néstor Kirchner, marido de
Cristina.
O desentendimento decorreu da "falta de apoio e de divergências que Taiana sentia
na implementação de decisões relativas à política externa", segundo nota divulgada
pela Chancelaria.
O ministro estava descontente com uma suposta diplomacia paralela promovida pelo governo. Reuniões e
acordos que fugiam ao seu
controle eram conduzidos
por embaixadores e funcionários do Executivo com a
Venezuela de Hugo Chávez e
também em fóruns internacionais como o G20, segundo
a imprensa local.
Funcionários próximos à
Presidência disseram que
Taiana também foi pressionado a renunciar pelo próprio Néstor Kirchner.
O ex-presidente passou a
considerar Taiana um traidor
porque ele supostamente
passava informações a meios
de comunicação críticos do
governo, como os jornais
"Clarín" e "La Nación".
O governo argentino disse
que a renúncia se deve a motivos "estritamente pessoais"
e anunciou Héctor Timerman
como novo chanceler. Jornalista de formação, Timerman
exercia o cargo de embaixador da Argentina em Washington desde 2007 e recentemente se aproximou do casal Kirchner.
A renúncia de Taiana foi
surpreendente, segundo diplomatas argentinos, porque
ele era considerado forte
aliado de Cristina e acumulava conquistas na política externa durante sua gestão.
O bom relacionamento
que mantinha com o primeiro escalão do governo brasileiro contribuiu para o salto
nas relações econômicas bilaterais nos últimos anos.
Também é creditado a
Taiana o apoio unânime obtido pela Argentina no âmbito
da OEA (Organização dos Estados Americanos) no conflito com o Reino Unido pelas
ilhas Malvinas.
Formado em sociologia,
Taiana atua fortemente na
área dos direitos humanos.
Esteve preso por sete anos,
durante a ditadura.
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