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BEBIDA CONTAMINADA
Centro belga diz que argumentos da empresa sobre a intoxicação de 200 pessoas na Europa são "incoerentes"
Laboratório critica explicação da Coca-Cola
HAROLDO CERAVOLO SEREZA
de Paris
Para o Centro Belga de Toxicologia, as explicações dadas pela Coca-Cola para os cerca de 200 casos
de intoxicação na Bélgica, na França e em Luxemburgo são insuficientes.
Segundo Bart de Coninck, um
dos médicos do centro, a versão da
empresa "não permite explicar de
forma coerente os sintomas detectados" nos pacientes -diarréias,
vômitos e dores de cabeça. Segundo a Coca, houve problemas em
duas fábricas do grupo, uma na
Bélgica e outra na França.
Na primeira, teria sido utilizado
um gás carbônico de má qualidade, contendo sulfeto de hidrogênio, na produção de garrafas. Na
segunda, teria ocorrido a contaminação de latas por um fungicida
aplicado nos engradados.
Para o centro, a concentração
dos produtos detectada nas análises da Coca-Cola não é coerente
com o grau dos sintomas.
O médico também considera não
explicado o fato de contaminações
diferentes terem efeitos semelhantes. O centro ainda não concluiu
seus próprios estudos.
A venda de Coca-Cola, Fanta e
Sprite está proibida na Bélgica. Na
França, as latas da fábrica de Dunquerque (norte) estão fora do mercado. A Espanha retirou de venda
ontem 390 mil garrafas importadas da Bélgica. Alemanha, Luxemburgo, Holanda, Letônia e Arábia
Saudita estão entre os países que
adotaram restrições.
Concorrentes favorecidos
Embora a Coca-Cola evite dar informações sobre perdas, suas principais concorrentes estão ocupando o espaço deixado, seja pela falta
de produtos, seja por receio dos
consumidores. A produção das fábricas afetadas representa cerca de
1% do mercado mundial da Coca.
Os pedidos da PepsiCo Bélgica,
fabricante da Pepsi-Cola, aumentaram de 2.500 litros por dia para
14 mil. A PepsiCo França se diz
pronta a suprir toda a demanda
deixada pela Coca-Cola.
A Virgin Cola, a menor das três,
colocou sua fábrica em Lyon para
funcionar 24 horas por dia.
Tradicionalmente, a Coca-Cola
domina cerca de 80% do mercado
de colas da França. Do setor de refrigerantes, a empresa detém
atualmente 37,2%.
A empresa está reembolsando
custos médicos dos pacientes que
apresentarem atestado.
A Coca-Cola contratou a empresa francesa de comunicação Publicis para tentar reverter a má imagem do grupo. Ninguém na Publicis, por enquanto, fala sobre o tema. "Não podemos dizer nada ainda", disse uma funcionária à Folha, sem se identificar. O presidente mundial da Coca-Cola (sediada
em Atlanta, EUA), Douglas Ivester, chegou ontem à Bélgica, onde
deve se encontrar com membros
do governo.
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