São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Zacarias Moussaoui, 34, único preso acusado de implicação direta nos ataques de setembro, se diz culpado

Juíza refuta confissão de "20º sequestrador"

DA REDAÇÃO

"Eu sou culpado", disse ontem a uma corte americana o francês de origem marroquina Zacarias Moussaoui, 34, ao ser questionado como se apresentaria ante o júri popular. A juíza Leonie Brinkema, do tribunal federal de Alexandria, na Virgínia, não aceitou de imediato a assunção de culpa e deu a ele uma semana para "refletir" sobre o assunto.
Moussaoui é único preso a estar respondendo por envolvimento direto com os ataques terroristas do dia 11 de setembro.
"Não preciso de tempo. Tenho pensado sobre o assunto há meses", respondeu o acusado, que estará sujeito à pena de morte, caso condenado.
"Juro fidelidade a Osama bin Laden. Sou membro da Al Qaeda", declarou, em tom emotivo, ao final da sessão, referindo-se ao líder terrorista saudita e sua organização, que admitiram em vídeo terem organizado os atentados contra os EUA.
Mesmo assim a juíza adiou para a semana que vem a definição de como o réu se declarará ante os jurados. "O senhor já mudou de opinião demasiadas vezes no passado", disse Brinkema, antes de fixar o dia 25 de julho para a próxima audiência do caso.
Em junho, Moussaoui pediu a dispensa dos advogados indicados pela corte e passou a orientar a sua própria estratégia de defesa. Segundo ele, os advogados estariam mancomunados com o governo americano para matá-lo.
A juíza Brinkema pediu, naquela ocasião, que uma avaliação psicológica fosse feita. Moussaoui acabou sendo classificado como mentalmente capaz.
Sua declaração de culpa foi vista por analistas como bastante incomum, já que esse subterfúgio só é usado por advogados quando pode beneficiar o réu e depois de negociação com a promotoria. Não há sinais de que Moussaoui esteja -ou estivesse- negociando com a acusação.
Em dezembro, ele afirmou que não se declarava nada -culpado ou inocente. A juíza, então, assinalou uma alegação de inocência nos autos, já que, na dúvida, há que se presumir a inocência de qualquer acusado.

20º sequestrador
O franco-marroquino já estava detido no dia 11 de setembro por causa de violações à lei de imigração. A acusação afirma que ele estaria com os 19 sequestradores dos aviões que foram lançados contra o World Trade Center e o Pentágono e do que caiu na Pensilvânia naquele dia.
Por esse motivo, Moussaoui passou a ser conhecido como "o 20º sequestrador".
As acusações principais que pesam contra ele são: conspiração para cometer atos internacionais de terrorismo, cometer atos de pirataria aérea, destruir aviões, matar americanos e destruir bens.
Ele já havia chamado a atenção das autoridades americanas antes dos atentados de setembro. No começo daquele mês, agentes do FBI (polícia federal dos EUA) o questionaram durante uma investigação feita numa escola de aviação de Minneapolis (norte).
As notas da investigação sugeriam que Moussaoui era do "tipo que jogaria um avião no World Trade Center".
Os instrutores da escola disseram ao FBI que estranharam a insistência dele em usar o simulador da rota Londres-Nova York e seu interesse em aprender a decolar uma aeronave de grande porte, mas não em aprender a pousá-la adequadamente.


Com agências internacionais


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