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GUERRA SEM LIMITES
Zacarias Moussaoui, 34, único preso acusado de implicação direta nos ataques de setembro, se diz culpado
Juíza refuta confissão de "20º sequestrador"
DA REDAÇÃO
"Eu sou culpado", disse ontem a uma corte americana o francês de origem marroquina Zacarias Moussaoui, 34, ao ser questionado como se apresentaria ante o júri popular. A juíza Leonie Brinkema, do tribunal federal de Alexandria, na Virgínia, não aceitou de imediato a assunção de culpa e
deu a ele uma semana para "refletir" sobre o assunto.
Moussaoui é único preso a estar
respondendo por envolvimento
direto com os ataques terroristas
do dia 11 de setembro.
"Não preciso de tempo. Tenho
pensado sobre o assunto há meses", respondeu o acusado, que
estará sujeito à pena de morte, caso condenado.
"Juro fidelidade a Osama bin
Laden. Sou membro da Al Qaeda", declarou, em tom emotivo,
ao final da sessão, referindo-se ao
líder terrorista saudita e sua organização, que admitiram em vídeo
terem organizado os atentados
contra os EUA.
Mesmo assim a juíza adiou para
a semana que vem a definição de
como o réu se declarará ante os
jurados. "O senhor já mudou de
opinião demasiadas vezes no passado", disse Brinkema, antes de fixar o dia 25 de julho para a próxima audiência do caso.
Em junho, Moussaoui pediu a
dispensa dos advogados indicados pela corte e passou a orientar
a sua própria estratégia de defesa.
Segundo ele, os advogados estariam mancomunados com o governo americano para matá-lo.
A juíza Brinkema pediu, naquela ocasião, que uma avaliação psicológica fosse feita. Moussaoui
acabou sendo classificado como
mentalmente capaz.
Sua declaração de culpa foi vista
por analistas como bastante incomum, já que esse subterfúgio só é
usado por advogados quando pode beneficiar o réu e depois de negociação com a promotoria. Não
há sinais de que Moussaoui esteja
-ou estivesse- negociando
com a acusação.
Em dezembro, ele afirmou que
não se declarava nada -culpado
ou inocente. A juíza, então, assinalou uma alegação de inocência
nos autos, já que, na dúvida, há
que se presumir a inocência de
qualquer acusado.
20º sequestrador
O franco-marroquino já estava
detido no dia 11 de setembro por
causa de violações à lei de imigração. A acusação afirma que ele estaria com os 19 sequestradores
dos aviões que foram lançados
contra o World Trade Center e o
Pentágono e do que caiu na Pensilvânia naquele dia.
Por esse motivo, Moussaoui
passou a ser conhecido como "o
20º sequestrador".
As acusações principais que pesam contra ele são: conspiração
para cometer atos internacionais
de terrorismo, cometer atos de pirataria aérea, destruir aviões, matar americanos e destruir bens.
Ele já havia chamado a atenção
das autoridades americanas antes
dos atentados de setembro. No
começo daquele mês, agentes do
FBI (polícia federal dos EUA) o
questionaram durante uma investigação feita numa escola de
aviação de Minneapolis (norte).
As notas da investigação sugeriam que Moussaoui era do "tipo
que jogaria um avião no World
Trade Center".
Os instrutores da escola disseram ao FBI que estranharam a insistência dele em usar o simulador da rota Londres-Nova York e
seu interesse em aprender a decolar uma aeronave de grande porte, mas não em aprender a pousá-la adequadamente.
Com agências internacionais
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