São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

Teerã nega elo com o 11 de Setembro

Novos indícios ligam o Irã à Al Qaeda, para autoridades dos EUA

DA REDAÇÃO

Oito dos terroristas que realizaram os atentados ocorridos em 11 de setembro de 2001 passaram pelo Irã antes de atacarem os EUA, mas não há sinais de que houve cumplicidade do governo iraniano, segundo disse ontem o diretor interino da CIA (agência de inteligência), John McLaughlin.
Além disso, de acordo com o "New York Times", o relatório final da comissão parlamentar que investiga o 11 de Setembro mostrará novos indícios de cooperação entre o Irã e a rede terrorista Al Qaeda, que foi responsável pelos ataques aos EUA.
Eles incluiriam informações retiradas de relatórios da CIA segundo as quais o Irã permitiu que os terroristas passassem por seu território com segurança antes dos atentados, segundo funcionários do governo americano ouvidos pelo diário nova-iorquino.
Estes ressaltaram, porém, que a comissão que investiga o 11 de Setembro não tem indícios de que o governo iraniano conhecia o plano terrorista de realizar atentados contra alvos situados nos EUA.
Em resposta, o governo iraniano disse que alguns membros da Al Qaeda podem ter passado ilegalmente pelo território iraniano antes do 11 de Setembro.
De acordo com Hamid Reza Asefi, porta-voz da Chancelaria iraniana, os terroristas podem ter passado pelo Irã, pois vinham do Afeganistão, país em que havia locais de treinamento da Al Qaeda.
Asefi negou, porém, as "invenções" americanas de que Teerã pode ter facilitado os ataques de 2001 ao permitir que terroristas usassem seu território.
"É possível que cinco ou seis pessoas tenham atravessado a fronteira em alguns meses sem que tivéssemos conhecimento disso. Nossas fronteiras são longas, e não é possível controlá-las totalmente", afirmou Asefi.
De acordo com autoridades iranianas, a tentativa de ligar o país à rede terrorista liderada por Osama bin Laden não passa de "propaganda" típica de um ano eleitoral. A eleição presidencial americana ocorre em novembro.
O ministro iraniano dos Serviços de Inteligência, Ali Yunesi, afirmou que o país conseguira desmantelar "todas as ramificações da Al Qaeda" existentes em seu território, segundo informação divulgada anteontem pela TV estatal. "Impedimos as ações terroristas da rede Al Qaeda e, caso não o tivéssemos feito, teríamos enfrentado sérios problemas em questões de segurança", acrescentou Yunesi.
McLaughlin disse ainda ser contrário à criação de um superministro da Inteligência, que centralizaria todas as informações dos serviços de inteligência dos EUA. A comissão que investiga o 11 de Setembro deverá, em seu relatório final, sugerir a criação do cargo, segundo a mídia americana.


Com agências internacionais


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