São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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análise

Armamentos são mais letais e mais precisos

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Líbano e o norte de Israel estão sendo alvo de uma versão atual, e descendente direta, da "guerra das cidades" travada por Irã e Iraque entre 1980 e 1988. Assim como naquela época, os dois lados agora usam foguetes e mísseis para se bombardearem mutuamente.
O grupo terrorista, ou "não-governamental", Hizbollah usa foguetes e mísseis de fabricação iraniana, cujo desenvolvimento teve origem justamente nessa guerra com o Iraque do ditador Saddam Hussein nos anos 80 passados.
Um foguete é basicamente um cilindro com um combustível na base e uma ogiva explosiva na ponta. Os gases da combustão impelem o artefato na direção para o qual este foi apontado.
Não é muito diferente de um rojão de festa junina. O mesmíssimo princípio era usado pelos foguetes de guerra chineses mil anos atrás. Só a precisão e a letalidade é que mudaram.

Guiagem
Já um míssil é um foguete com alguma forma de guiagem que permite o controle do seu vôo até o alvo.
O Hizbollah tem lançado foguetes contra alvos civis em Israel e pelo menos um míssil guiado por radar foi lançado contra uma corveta israelense da classe Saar-5.
O Irã era até 1979 freguês da tecnologia militar ocidental. Com a Revolução Islâmica, a fonte secou.
Durante a guerra com o Iraque, os iranianos começaram a desenvolver a indústria bélica em busca de auto-suficiência, com apoio de outros países "pária" -ou do "eixo do mal", na visão norte-americana sob George W. Bush-, como Síria e Coréia do Norte. Em uma recente exposição de material bélico no Rio de Janeiro, o estande iraniano impressionava pela variedade de produtos.

Vulnerabilidade
Boa ajuda veio também da China, país que vende armas sem freios ideológicos; basta pagarem bem.
O míssil que atingiu a corveta israelense seria um moderníssimo C-802, equivalente chinês do míssil antinativo americano Harpoon que ela própria carrega.
Baseado em ataques de mísseis anteriores, a corveta teve quiçá um minuto, provavelmente menos, para detectar e tentar abater o C-802 dos libaneses.
Pode não ter conseguido por falha de equipamento, ou por complacência da tripulação, já que a Marinha de Israel tinha histórico de invulnerabilidade nas costas do Líbano e Síria.
O "vovô" dos foguetes de bombardeio terrestre é o Katyusha russo, usado com efeito devastador na Segunda Guerra Mundial.
O veículo lançador de foguetes russo BM-21 é a versão mais popular -até Israel usa, já que capturou boa quantidade durante guerras anteriores contra os árabes.
Os iranianos produziram versões aperfeiçoadas dos foguetes, como a série Fajr. Exportaram parte desse equipamento para o Hizbollah.
Bombardeio por foguetes é guerra convencional, não de guerrilha. Israel tende a vencer esse combate específico. Resta saber o resto da guerra.


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