São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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Indonésia não divulgou alerta de tsunami

Ministro diz que governo foi avisado por dois órgãos antes da tragédia, mas não informou a população

DA REDAÇÃO

O Ministro de Ciência e Tecnologia da Indonésia, Kusmayanto Kadiman, afirmou ontem que o governo recebeu dois alertas do tsunami ocorrido na segunda-feira, mas que preferiu não divulgá-los às comunidades ameaçadas.
Kadiman disse que os boletins do Centro de Atenção de Tsunamis no Pacífico e que a Agência Meteorológica do Japão alertavam de que um terremoto na região poderiam detonar um tsunami. Os alertas foram enviados 45 minutos antes do início do fenômeno.
Em entrevista coletiva, ele se limitou a dizer: "E se o tsunami não tivesse ocorrido, o que teria acontecido?".
O tsunami matou pelo menos 341 pessoas e outras 229 ainda estão desaparecidas. Cerca de 54 mil pessoas tiveram de deixar suas casas.
As ondas gigantes que atingiram a costa meridional da ilha de Java arrastaram carros e barcos e derrubaram hotéis e restaurantes, em uma área turística e densamente povoada.
De qualquer forma, o governo não possui um sistema de envio de mensagens de texto por celulares, nem com uma rede de alto-falantes na praia, fundamentais para uma retirada emergencial.
A Indonésia foi o país mais afetado pelo tsunami de dezembro de 2004, com pelo menos 170 mil mortos, e o desastre de segunda-feira mostrou o quão despreparado o arquipélago continua.

Alerta natural
Respondendo às críticas pela falta de alerta, o vice-presidente indonésio, Jusuf Kalla, disse que não houve necessidade porque muitas pessoas fugiram para o interior da ilha ao sentir o tremor. "As pessoas correram para as colinas, temendo um tsunami. Tivemos uma espécie de alarme imediato natural".
Diversos turistas ouvidos disseram que, ao contrário, quem estava na praia não sentiu os tremores, e não perceberam o retrocesso do mar - um dos sinais prévios típicos - porque as ondas já estavam bem baixas e o efeito não foi muito pronunciado.
O tremor aconteceu às 15h19, e o Centro de Atenção de Tsunamis do Pacífico divulgou um alerta 17 minutos depois, dizendo que um tsunami era possível. A primeira das grandes ondas a atingir a costa meridional da ilha de Java chegou às 16h15.
Com ajuda internacional, a Indonésia começou a instalar um sistema de alarmes imediatos na ilha de Sumatra, a mais afetada em 200. O projeto prevê que as 18 mil ilhas que compõem o país estarão dentro do sistema até 2009.
Nem todos os países que sofreram com o tsunami se encontram tão despreparados. A Tailândia, um dos destino turísticos mais importantes da Ásia, instalou torres em praias de sua costa meridional, com sirenes para poder lançar alertas em vários idiomas para evacuação dos banhistas.
Na Malásia, sistemas foram instalados nas comunidades litorâneas para transmitir alertas de tsunami pela televisão, rádio e por mensagens de texto pelos celulares.


Com agências internacionais

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