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Golpistas rejeitam governo de unidade, mas diálogo prossegue
DO ENVIADO A SAN JOSÉ E MANÁGUA
O governo de Roberto Micheletti não aceita formar um
governo de reconciliação encabeçado pelo presidente deposto, Manuel Zelaya, afirmou ontem a vice-chanceler do governo interino, Martha Alvarado.
"A proposta de um governo
de unidade nacional não é aceitável", disse Alvarado ontem à
agência Reuters. Apesar da recusa, representantes dos dois
lados continuavam reunidos na
Costa Rica até o fechamento
desta edição, cujo governo intermedeia as negociações.
A declaração indica que Micheletti continua irredutível
sobre o retorno de Zelaya. Em
reiteradas vezes desde o início
da crise, há três semanas, o presidente interino disse que o retorno do ex-aliado à Presidência do país era "inegociável".
Ontem, o presidente costa-riquenho, Óscar Arias, propôs
aos dois lados uma proposta de
sete pontos para pôr fim à crise
política que hoje completa três
semanas. É a segunda tentativa
de chegar a um acordo para a
crise hondurenha -na semana
passada, as delegações dos dois
presidentes já haviam se reunido, sem resultado.
Como era previsto, a principal medida é a restituição imediata de Zelaya e a sua permanência no cargo até o fim do seu
mandato, em 27 de janeiro.
A grande novidade na nova
rodada de negociações foi a
ideia de antecipar as eleições
presidenciais em um mês, de
novembro para outubro.
Outros pontos importantes
já haviam sido anunciados ao
longo dos últimos dias, como a
formação de um governo de reconciliação e anistia geral a
acusações de crimes políticos.
Arias também ratificou a
proposta de que Zelaya desista
de forma "expressa" de convocar uma Assembleia Constituinte, pivô da crise que levou à
sua deposição, em 28 de junho.
Pouco antes da declaração de
Alvarado, Zelaya havia dito que
concordava com os sete pontos
de Arias, segundo o canal Telesur, controlado pelo governo
venezuelano e que tem acesso
direto ao presidente deposto.
O plano foi lido por Arias em
forma de discurso no início da
reunião, por volta das 12h30 locais. Como na semana passada,
o encontro foi realizado em sua
casa particular, localizada num
bairro nobre de San José. Cada
um dos lados participa com
quatro representantes.
As tratativas de ontem estavam sendo realizadas sob intensa pressão de Zelaya, que
promete abandonar as negociações caso não haja acordo neste
fim de semana.
O presidente deposto, que está na Nicarágua, vizinha de
Honduras, promete retornar a
seu país entre hoje e amanhã,
com ou sem acordo. Na primeira tentativa, há duas semanas,
confrontos entre simpatizantes e militares deixaram dois
mortos.
(FM)
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