São Paulo, domingo, 19 de julho de 2009

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Golpistas rejeitam governo de unidade, mas diálogo prossegue

DO ENVIADO A SAN JOSÉ E MANÁGUA

O governo de Roberto Micheletti não aceita formar um governo de reconciliação encabeçado pelo presidente deposto, Manuel Zelaya, afirmou ontem a vice-chanceler do governo interino, Martha Alvarado.
"A proposta de um governo de unidade nacional não é aceitável", disse Alvarado ontem à agência Reuters. Apesar da recusa, representantes dos dois lados continuavam reunidos na Costa Rica até o fechamento desta edição, cujo governo intermedeia as negociações.
A declaração indica que Micheletti continua irredutível sobre o retorno de Zelaya. Em reiteradas vezes desde o início da crise, há três semanas, o presidente interino disse que o retorno do ex-aliado à Presidência do país era "inegociável".
Ontem, o presidente costa-riquenho, Óscar Arias, propôs aos dois lados uma proposta de sete pontos para pôr fim à crise política que hoje completa três semanas. É a segunda tentativa de chegar a um acordo para a crise hondurenha -na semana passada, as delegações dos dois presidentes já haviam se reunido, sem resultado.
Como era previsto, a principal medida é a restituição imediata de Zelaya e a sua permanência no cargo até o fim do seu mandato, em 27 de janeiro.
A grande novidade na nova rodada de negociações foi a ideia de antecipar as eleições presidenciais em um mês, de novembro para outubro.
Outros pontos importantes já haviam sido anunciados ao longo dos últimos dias, como a formação de um governo de reconciliação e anistia geral a acusações de crimes políticos.
Arias também ratificou a proposta de que Zelaya desista de forma "expressa" de convocar uma Assembleia Constituinte, pivô da crise que levou à sua deposição, em 28 de junho.
Pouco antes da declaração de Alvarado, Zelaya havia dito que concordava com os sete pontos de Arias, segundo o canal Telesur, controlado pelo governo venezuelano e que tem acesso direto ao presidente deposto.
O plano foi lido por Arias em forma de discurso no início da reunião, por volta das 12h30 locais. Como na semana passada, o encontro foi realizado em sua casa particular, localizada num bairro nobre de San José. Cada um dos lados participa com quatro representantes.
As tratativas de ontem estavam sendo realizadas sob intensa pressão de Zelaya, que promete abandonar as negociações caso não haja acordo neste fim de semana.
O presidente deposto, que está na Nicarágua, vizinha de Honduras, promete retornar a seu país entre hoje e amanhã, com ou sem acordo. Na primeira tentativa, há duas semanas, confrontos entre simpatizantes e militares deixaram dois mortos. (FM)

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