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Economia em ponto morto abala apoio a Obama
Em Estados onde a crise é mais forte, aprovação a presidente cai abaixo de 50%
Na média nacional, avaliação positiva caiu de 68% para 58% desde a posse; maior taxa de desemprego em 26 anos influi negativamente
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
"O plano de estímulo econômico de Barack Obama não está funcionando."
"Acima de tudo, sr. presidente, o que Michigan precisa é dos
empregos prometidos."
Assim Barack Obama foi recebido na semana passada pelos editoriais de dois dos principais jornais de Detroit, onde o
presidente anunciou um novo
programa para treinamento de
ex-operários demitidos pela indústria automobilística.
Pela primeira vez desde sua
posse, em 20 de janeiro, pesquisas em alguns Estados norte-americanos (como Ohio e
Virgínia) mostram o nível de
aprovação de Obama no cargo
caindo abaixo de 50%.
Por trás da erosão na popularidade, a maior taxa de desemprego em 26 anos (9,5%) e recordes de desempregados e
pessoas obrigadas a aceitar vagas instáveis ou precárias.
Na Califórnia, 25% da população economicamente ativa
está nessa situação, contra apenas 12% há um ano. Na Flórida,
na Carolina do Norte e em
Washington, cerca de 20%.
Segundo dados do Departamento do Trabalho dos EUA,
em média os "semiempregados" trabalham só três dias da
semana. Obviamente, eles ganham menos com isso.
Na média nacional, de acordo
com o instituto Gallup, a taxa
de aprovação de Obama desde a
posse caiu de 68% para 58%. Já
o descontentamento subiu de
12% para 36%, um salto de 24
pontos em seis meses.
No mesmo período, o total de
norte-americanos que dizem
ser "insatisfatória" a situação
atual da economia pulou de
29% em janeiro para 46% em
julho.
Na semana passada, Obama
pediu "paciência" em Michigan
e em várias outras aparições
públicas.
O democrata também mudou sua estratégia e passou a
apontar mais claramente o dedo para os republicanos de
George W. Bush como responsáveis pela crise.
"Adoro essas pessoas que
ajudaram a nos meter nessa
enorme confusão e que agora,
de uma hora para a outra, dizem: "Bom, essa é a economia
de Obama'", disse o presidente.
No Congresso, o líder da minoria republicana na Câmara
dos Representantes, Eric Cantor, disse que o atual pacote de
US$ 787 bilhões do governo
Obama para estimular a economia é "apenas um programa de
endividamento em massa e de
gastos que não produziu empregos nem prosperidade".
"Simplesmente não está funcionando", disse Cantor.
No lançamento do plano, em
fevereiro, Obama estimou que
cerca de 600 mil empregos seriam criados até meados de setembro. Até agora, porém, 2
milhões de vagas foram extintas em sua gestão. A estimativa
é de que apenas 150 mil empregos tenham sido criados por
conta do programa federal.
Recessão e emprego
Uma série de indicadores nos
EUA começam a sinalizar que a
recessão poderá ficar para trás
dentro de alguns poucos
meses. Os bancos voltaram a exibir lucros e o ritmo de queda na produção
industrial arrefeceu.
Na semana passada, como reflexo dessa expectativa otimista, a Bolsa de Valores de Nova
York teve valorização de 7% entre segunda e sexta.
O problema é o emprego, que
deve continuar subindo ainda
por muitos meses antes de se
estabilizar. O próprio Obama
admite um desemprego acima
de 10% durante alguns meses
de 2010.
Nesta recessão, o desemprego é também mais longo do que
em ciclos negativos recentes.
Na média, quem fica desempregado hoje nos EUA demandará
24,5 semanas para encontrar
um novo trabalho. Trata-se do
período mais longo desde que o
governo começou a compilar
essas estatísticas, em 1948.
O total dos chamados "desempregados de longo prazo"
(há mais de 27 semanas fora do
mercado) também bateu o recorde histórico. Eles somam
hoje 4,4 milhões de pessoas,
quase um terço do total de desempregados no país.
Para Gary Burtless, do Instituto Brookings, o governo Obama errou no início ao não reforçar o suficiente que o cenário
econômico poderia ficar ainda
muito pior e que ele era herança do governo anterior.
"Os eleitores poderão agora
concluir erradamente que os
problemas econômicos são
produto das políticas deste governo", afirma.
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