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"Guerra contra o terror" de Bush ameaça a agenda de democrata
DO "FINANCIAL TIMES", EM
WASHINGTON
Seis meses após Barack Obama e o Partido Democrata assumirem as rédeas em Washington, o partido ainda procura decidir o que fazer com o legado que recebeu de Bush.
Os esforços do ex-presidente
na chamada "guerra ao terror"
-termo que Obama aposentou- estão mostrando ser quase impossíveis de desfazer, e o
legado de Bush ameaça desviar
as atenções das prioridades políticas atuais.
A CIA (agência de inteligência dos EUA) e o Departamento
da Justiça divergem sobre os
planos do secretário da Justiça,
Eric Holder, de investigar as
alegadas torturas na era Bush.
Tanto o Departamento da
Justiça quanto o Departamento de Estado estão irritados
com o acordo fechado entre a
Casa Branca e o Congresso para
impedir a transferência de detentos de Guantánamo para solo americano, ao menos até setembro. Os dois departamentos dizem que o acordo, selado
para respeitar as preocupações
do Congresso quanto a abrigar
"terroristas" em solo americano, dificulta o fechamento da
prisão, o que seria obtido com a
transferência de detentos para
prisões de segurança máxima
ou para outros países. A intransigência dos EUA fez outros
países relutarem em cooperar.
Os democratas no Congresso
estão divididos sobre a criação
ou não de uma "comissão da
verdade" para avaliar as alegações de tortura, algo que, segundo foram avisados, pode
desmoralizar a CIA e desviar as
atenções da agenda de Obama
de reforma da saúde.
A presidente da Câmara,
Nancy Pelosi, apoia a criação da
comissão e ganhou um reforço
nos últimos dias, quando a CIA
admitiu ter deixado de transmitir ao Congresso informações sobre um plano de matar
líderes da Al Qaeda.
A grande decisão a ser tomada nas próximas semanas é a
que Holder enfrenta: sobre
uma possível investigação para
averiguar se representantes
americanos extrapolaram os
"memorandos sobre a tortura"
do governo Bush, nas técnicas
de interrogatório empregadas.
"Se o departamento vir evidências de conduta criminal,
tem o dever de investigar, e essa
decisão cabe ao secretário da
Justiça", disse um alto funcionário do departamento.
Já a CIA disse que seu "programa de detenção e interrogatório de terroristas foi moldado
e movido sob a orientação legal" do Departamento da Justiça, que "conhece -e conhece
há anos- os detalhes sobre as
práticas de interrogatório passadas. Isso já foi revisto antes".
A CIA acrescentou que o Departamento da Justiça teve em
mãos durante cinco anos um
relatório do inspetor-geral da
CIA sobre detenções e interrogatórios e decidiu não abrir
processos. Representantes do
Departamento da Justiça responderam que foi o governo
Bush, e não a equipe de Obama,
que decidiu não processar.
Obama já afirmou em várias
ocasiões que, nesta fase crucial
de seu governo, quer olhar para
a frente, não para trás.
Mas reportagem da "Newsweek" sobre os planos de Holder de abrir uma investigação
criminal relatou que ele está
perturbado com os relatos sobre tortura, enquanto sua equipe destaca a necessidade de
agir independentemente em
questões criminais.
Tradução de CLARA ALLAIN
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