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Aumento dos casos é comentado em bar
Aberto desde 66, local é considerado o marco zero do ativismo homossexual em Nova York
DE NOVA YORK
O bar Stonewall, ícone gay encravado no coração do bairro
nova-iorquino do Greenwich
Village, parou para comentar as
más notícias sobre a Aids.
As reações variaram da raiva
contra o mensageiro ("Vocês da
imprensa só aparecem aqui para
falar de novidade ruim para os
gays", reclamou um dos frequentadores, que não quis se
identificar) à surpresa.
"Eu não sabia disso, é horrível", disse o vendedor Jeff Siddall, 42, de Ohio, que tomava
uma cerveja no balcão do bar na
tarde de anteontem.
"Provavelmente o aumento de
pessoas infectadas tem mais a
ver com nossa condição de ser
humano do que de homossexual. A gente simplesmente não
acredita que essas coisas vão
acontecer", afirmou.
A seu lado, Richard Foley, 27,
tinha outra tese: "A verdade é
que, com o coquetel, a doença
não é mais uma sentença de
morte, e isso mudou muito o
comportamento das pessoas".
O ator de Nova Jersey conta
que já teve parceiros que sugeriram que eles não usassem camisinha. "Claro que eu jamais faria
isso, mas o fato é que, quando
você ouve que fulano é HIV positivo, não pensa mais que ele
tem apenas mais alguns meses
de vida." Para Jeff Siddall, "a onda do politicamente correto passou e, com o fim dela, voltou a
vontade de as pessoas correrem
riscos".
Meca do ativismo gay
Aberto em 1966 na esquina da
rua Christopher com a Sétima
Avenida, o Stonewall é considerado o marco zero do movimento gay nova-iorquino.
Numa noite de 1969, policiais
entraram disfarçados no bar e,
depois de convidar frequentadores a fazer programa, prenderam
vários homens por "prática indecente".
A ação não era algo incomum
na época. A novidade é que pela
primeira vez a comunidade local
revidou, indo às ruas protestar
contra as prisões. Houve conflito
e centenas de pessoas se machucaram ou acabaram na cadeia.
Hoje o lugar é uma espécie de
meca do ativismo gay na cidade,
recebendo gente de toda a parte
do mundo. Virou até nome de
disco do músico brasileiro Renato Russo, morto em 1996 em decorrência da Aids.
(SD)
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