São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aumento dos casos é comentado em bar

Aberto desde 66, local é considerado o marco zero do ativismo homossexual em Nova York

DE NOVA YORK

O bar Stonewall, ícone gay encravado no coração do bairro nova-iorquino do Greenwich Village, parou para comentar as más notícias sobre a Aids.
As reações variaram da raiva contra o mensageiro ("Vocês da imprensa só aparecem aqui para falar de novidade ruim para os gays", reclamou um dos frequentadores, que não quis se identificar) à surpresa.
"Eu não sabia disso, é horrível", disse o vendedor Jeff Siddall, 42, de Ohio, que tomava uma cerveja no balcão do bar na tarde de anteontem.
"Provavelmente o aumento de pessoas infectadas tem mais a ver com nossa condição de ser humano do que de homossexual. A gente simplesmente não acredita que essas coisas vão acontecer", afirmou.
A seu lado, Richard Foley, 27, tinha outra tese: "A verdade é que, com o coquetel, a doença não é mais uma sentença de morte, e isso mudou muito o comportamento das pessoas".
O ator de Nova Jersey conta que já teve parceiros que sugeriram que eles não usassem camisinha. "Claro que eu jamais faria isso, mas o fato é que, quando você ouve que fulano é HIV positivo, não pensa mais que ele tem apenas mais alguns meses de vida." Para Jeff Siddall, "a onda do politicamente correto passou e, com o fim dela, voltou a vontade de as pessoas correrem riscos".

Meca do ativismo gay
Aberto em 1966 na esquina da rua Christopher com a Sétima Avenida, o Stonewall é considerado o marco zero do movimento gay nova-iorquino.
Numa noite de 1969, policiais entraram disfarçados no bar e, depois de convidar frequentadores a fazer programa, prenderam vários homens por "prática indecente".
A ação não era algo incomum na época. A novidade é que pela primeira vez a comunidade local revidou, indo às ruas protestar contra as prisões. Houve conflito e centenas de pessoas se machucaram ou acabaram na cadeia.
Hoje o lugar é uma espécie de meca do ativismo gay na cidade, recebendo gente de toda a parte do mundo. Virou até nome de disco do músico brasileiro Renato Russo, morto em 1996 em decorrência da Aids. (SD)


Texto Anterior: Saúde pública: Morte de doentes de Aids cresce nos EUA
Próximo Texto: Homenagem: Grécia comemora em 2001 o ano de "são" Sócrates
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.