|
Próximo Texto | Índice
Brasileiros ilegais crescem acima da média nos EUA
Entrada clandestina aumentou 70% entre 2000 e 2005, contra média geral de 24%
Segundo o Departamento de Segurança Interna, os "não autorizados" superam 11 milhões de pessoas, das quais 2% vieram do Brasil
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
O números de brasileiros vivendo ilegalmente nos Estados
Unidos aumentou 70% entre
2000 e o início do ano passado,
taxa de crescimento inferior
apenas à dos indianos, segundo
estimativa divulgada ontem pelo Departamento de Segurança
Interna. Com aproximadamente 170 mil "indocumentados" em janeiro de 2005, o Brasil é a nona maior comunidade
ilegal em território americano.
Ao todo, o estudo estima que
a população ilegal nos EUA era
de 10,5 milhões há 19 meses.
Mantida a taxa de crescimento
média desde 2000 (408 mil por
ano), esse contingente seria hoje de pouco mais de 11,1 milhões
de pessoas -o equivalente a
quase 4% da população americana (299,5 milhões).
De acordo com o levantamento, os brasileiros representam cerca de 2% da população
ilegal, com um ritmo médio de
14 mil novos imigrantes por
ano entre 2000 e janeiro de
2005 -ou 38 por dia.
Em números absolutos, os
novos imigrantes brasileiros
(70 mil) ficaram em quarto lugar nesse período, abaixo dos
imbatíveis mexicanos (1,3 milhão), dos indianos (160 mil) e
dos guatemaltecos (80 mil).
Apesar de expressivo, o crescimento registrado pela estimativa não captou o "boom" da
imigração brasileira no ano
passado pela fronteira americana com o México, fenômeno
que ganhou destaque na grande
imprensa americana e chegou a
ser mencionado em discurso
pelo presidente norte-americano, George W. Bush.
Brecha
Ao longo do ano fiscal de
2005 (de 1º de outubro de 2004
a 30 de setembro seguinte),
31.070 brasileiros foram presos
na região de fronteira com o
México, segundo a Patrulha da
Fronteira, órgão subordinado
ao Departamento de Segurança
Interna. Em média, houve 85
prisões de brasileiros por dia, a
maioria no Texas.
A explosão do fluxo de brasileiros deveu-se, em grande parte, à estratégia dos imigrantes
de se entregar à Patrulha da
Fronteira e, dessa forma, utilizar uma brecha conhecida como "catch and release" (prende
e solta). Ou seja, os brasileiros
eram liberados pelos agentes
sob a condição de comparecer a
uma audiência judicial -o que
raramente ocorria.
Em meados do ano passado,
o governo americano passou a
adotar gradativamente a chamada "remoção rápida" contra
os brasileiros, medida que acelera a deportação e nega o direito à corte judicial.
A medida- aliada à volta da
exigência de visto para a entrada no México, em outubro- fez
com que o número de brasileiros detidos caísse vertiginosamente a partir de outubro. A redução foi comemorada publicamente por Bush no mês seguinte, em discurso.
Nos três primeiros meses
deste ano, apenas 215 brasileiros foram presos vindos do México, segundo a Patrulha da
Fronteira -média de apenas
2,3 casos por dia. O número de
brasileiros cruzando, no entanto, deve ser maior, já que não é
mais vantajoso se entregar.
O endurecimento também
fez com que alguns brasileiros
começassem a usar uma rota a
partir da Guatemala. Dali, atravessam ilegalmente o México
para chegar aos EUA.
A estimativa confirma que os
imigrantes têm se espalhado
cada vez mais pelo território
americano. Embora a Califórnia, o Texas e a Flórida, destinos tradicionais, concentrem
47% dos "imigrantes não autorizados" -termo empregado
pelo estudo-, o maior crescimento ocorreu no Estado da
Geórgia, cuja capital, Atlanta,
tem uma comunidade nova e
crescente de brasileiros.
O aumento nesse Estado sulista com pouca tradição de absorver imigrantes foi de 114%
entre 2000 e 2005, contra uma
média nacional de 24%.
Por outro lado, a Califórnia
continua abrigando a maior população ilegal, com 2,8 milhões
de "não autorizados" -a imensa maioria, mexicanos. Mas a
porcentagem californiana sobre total de ilegais no país caiu
de 30% para 26%.
Próximo Texto: Pesquisa usou método "residual" em cálculo Índice
|