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Veto é medida política, afirma jornal
Editor do "El Nacional", de oposição, avalia que proibição a fotos violentas na Venezuela tem fins eleitorais
Para Miguel Henrique Otero, governo Chávez quer impedir acesso a informações sobre questões de segurança
Jorge Silva/Reuters
![](../images/e1908201001.jpg) |
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Capa do jornal venezuelano "El Nacional" traz a inscrição "censurado" no lugar de imagem vetada após decisão judicial
DE CARACAS
Miguel Henrique Otero,
presidente e editor-chefe do
jornal "El Nacional", diz que
decidiu publicar a foto com
corpos acumulados no necrotério de Caracas, na sexta-feira passada, "para que o
governo se movimentasse, fizesse algo" para reagir aos
"explosivos" índices de violência do país.
Para Otero, que dirige um
jornal de aberta oposição ao
governo, o veto judicial é
uma "medida política", tomada em contexto eleitoral,
que pretende bloquear o
acesso a informações sobre
insegurança, que é o que
"provoca a queda da popularidade do presidente" Hugo
Chávez. "Em nível mundial,
isso é um alerta vermelho
que se volta para a Venezuela."
(FLÁVIA MARREIRO)
Folha - Como o sr. avalia a decisão judicial [de proibir a publicação de fotos violentas]?
Miguel Enrique Otero - É
uma arbitrariedade. Foram
muitos os momentos duros
que enfrentamos nesses 11
anos de governo Chávez. Ataques terroristas, a retirada de
toda a publicidade oficial, o
que foi um golpe duro à época. Essa é a primeira ação de
censura prévia que sofremos
e é muito grave.
O que jornal vai fazer?
Vamos recorrer judicialmente, mas tendo claro as limitações desse recurso na
Venezuela. Recebemos a solidariedade de toda a imprensa, e amanhã [hoje] o
Bloco de Imprensa [similar à
Associação Nacional de Jornais] vai se reunir e pode tomar uma decisão coletiva de
desacato a essa medida arbitrária. Em nível mundial, isso
é um alerta vermelho que se
volta para a Venezuela.
Trata-se de uma decisão
política proibir a publicação
de fotos sobre o tema que
provoca a queda da popularidade do presidente nas pesquisas. Começou com o "El
Nacional", mas afeta todos
os meios de comunicação. A
proibição é por 30 dias, em
plena campanha eleitoral. O
governo ainda não pode fazer "cadeia obrigatória" com
os meios impressos ainda.
Mas quem sabe inventam.
O sr. disse que a foto é "forte",
e a ONG Repórteres Sem
Fronteiras disse que publicá-la levanta dúvida sobre a
"responsabilidade" dos
meios de comunicação . Porque decidiu publicá-la?
A publicação dessa foto
não faz parte da nossa linha
editorial, e por isso a tínhamos guardado desde dezembro. Mas decidimos publicá-la porque, em primeiro lugar,
as cifras de violência são explosivas. Só nas duas últimas
semanas entraram 200 corpos no necrotério de Caracas,
a maioria por morte violenta.
Depois, houve a repercussão do documentário "Guardiães de Chávez" [da TV Espanhola], que fala de grupos
paramilitares do chavismo. O
ex-ministro de Comunicação
e hoje presidente da Telesur
[num programa da CNN Espanhol, na semana passada],
Andrés Izarra, ria, dava gargalhadas, diante das cifras
de violência. Então, tomamos essa uma decisão editorial, para que o governo se
movimentasse, fizesse algo.
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