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GUERRA À VISTA
Casa Branca força Legislativo dos EUA a autorizar ofensiva contra o Iraque antes que a ONU decida sobre o assunto
Bush cobra aval do Congresso para ataque
DA REDAÇÃO
A Casa Branca pressionou ontem o Congresso dos EUA a conceder autorização para um ataque ao Iraque antes mesmo que o Conselho de Segurança (CS) da
ONU se decida a respeito.
Diante do racha no CS sobre uma ação contra o Iraque, surgido depois que Bagdá aceitou a volta dos inspetores de armas, o presidente dos EUA, George W.
Bush, disse que enviará nos próximos dias ao Congresso do país
um pedido de autorização para
uma ação militar.
"[Aprovar a ofensiva" será um
sinal importante para o mundo
de que este país está unido em sua
vontade de encarar as ameaças
que enfrenta", disse Bush.
Pouco depois, o secretário da
Defesa, Donald Rumsfeld, pediu
aos parlamentares que se antecipassem à ONU. "Atrasar a votação no Congresso daria a impressão de que os EUA não estão preparados para um ataque, justamente quando pedimos uma ação
à comunidade internacional."
Sua exposição no Congresso foi
interrompida por um pequeno
grupo de manifestantes que levava cartazes contra uma ação militar e gritava "inspeções sim, guerra não". Eles acabaram sendo retirados à força do local.
As lideranças democrata e republicana manifestaram apoio à intenção do governo de colocar a
questão em votação antes do início do recesso parlamentar, em 5
de outubro. Mas alguns congressistas admitem que ainda há dúvidas sobre o tema.
"Há alguma ameaça iminente
agora ou nos próximos anos de
que Saddam esteja pronto para
usar armas de destruição em massa? Não tenho visto isso", disse o
deputado democrata Jim Langevin. "Não estou interessado em
aprovar uma resolução que pode
dar carta branca para o governo".
O líder do Partido Democrata
no Senado, Tom Daschle, disse
confiar que o Congresso americano e a ONU chegarão a uma posição única. "Temos de insistir em
inspeções abertas e na destruição
das armas de destruição em massa", afirmou ele, que chamou a
oferta iraquiana de "truque".
Plano B
Na segunda-feira, o governo do
ditador iraquiano, Saddam Hussein, anunciou que permitirá a
volta das inspeções de armas da
ONU ao país, sem condições. As
inspeções, determinadas após a
Guerra do Golfo (1991), haviam
sido suspensas em 1998, após o
Iraque acusar os inspetores de espionar para os EUA.
A oferta iraquiana foi bem-recebida na ONU, mas os EUA pressionam o CS a aprovar uma resolução que permita uma ação caso
as inspeções fracassem.
A Rússia, um dos cinco membros permanentes do CS, com poder de veto, se opôs a uma nova
resolução. A França, outro membro permanente, considera que a
ONU deva "testar" antes o compromisso expresso por Saddam,
enviando os inspetores.
Bush disse acreditar que a oferta
de Saddam Hussein venha a ser
vista pelo CS da ONU como um
"truque" para evitar uma guerra.
"Estou convencido de que, se
continuarmos a mostrar que
[Saddam] engana e desafia, os
países que se preocupam em
manter a paz e a validade da ONU
se juntarão a nós."
A Casa Branca diz não ter um
plano alternativo para o caso de o
esforço diplomático na ONU fracassar, mas funcionários do governo dizem que Bush mantém a intenção de agir unilateralmente
nesse caso. "Não há plano B. Ainda estamos no plano A, que é trabalhar para conseguir uma resolução da ONU", afirmou Sean
McCormack, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança.
O porta-voz da Casa Branca Ari
Fleischer disse que a oferta para
inspeções foi inadequada porque
não atende a outras demandas da
ONU ao Iraque. Ele disse que Bagdá mente ao dizer que não tem armas de destruição em massa.
"Nenhum Estado terrorista representa uma ameaça maior e
mais imediata para a segurança
de nossos cidadãos e para a estabilidade do mundo que o regime
de Saddam Hussein no Iraque",
afirmou Rumsfeld durante seu
discurso no Congresso.
O vice-premiê iraquiano, Tareq
Aziz, disse que o discurso de
Rumsfeld prova que o governo
americano não está preocupado
com armas de destruição em
massa e só quer um pretexto para
atacar o Iraque.
"Esperamos que o mundo não
ceda às ameaças americanas",
disse. Segundo ele, o Iraque vai
cumprir todos os compromissos
anunciados na carta enviada à
ONU na segunda-feira.
Os EUA e o Reino Unido estão
preparando um rascunho para
uma nova resolução da ONU que
autorize o uso da força caso Bagdá
não cumpra com suas resoluções
anteriores, segundo fontes diplomáticas. O texto deve ser apresentado até a próxima semana.
O secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, deve intensificar
seus contatos diplomáticos para
convencer os membros do CS da
ONU a aprovar a resolução.
O primeiro-ministro britânico,
Tony Blair, disse ontem que a
ameaça de ação militar deve existir mesmo se as inspeções acontecerem. "Temos de continuar
pressionando. Ninguém deve ter
nenhuma dúvida", disse. "Não é
porque Saddam quer deixar os
inspetores voltarem [que a pressão deve acabar". Foi a pressão
que o forçou a essa posição."
Com agências internacionais
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