São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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França propõe teste de DNA para candidato a um visto de imigrante

Objetivo de lei seria reforçar a triagem de candidatos à reunificação familiar

DA REDAÇÃO

Os deputados franceses começaram a debater ontem um novo projeto de imigração que prevê exames de DNA para que um candidato estrangeiro ao visto comprove seu parentesco com um trabalhador imigrante já residente na França.
A proposta é a mais controvertida no projeto apresentado à Assembléia Nacional pelo ministro da Imigração, Brice Hortefeux. Ao menos dois integrantes do governo a criticaram abertamente.
Fadela Amara, secretária de Estado para Questões Urbanas, disse que a possível exigência de exame de DNA a faz "sentir-se ofendida na condição de filha de imigrantes". Sua família veio da Argélia.
O ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, afirmou que a exigência "coloca em situação vergonhosa" os candidatos à imigração.
A proposta do teste genético não partiu do governo. Ela foi sugerida por um dos deputados da bancada governista, Thierry Mariani. Mas o ministro Hortefeux a encampou e disse que ela deveria ser adotada "de modo voluntário e progressivo".
O presidente Nicolas Sarkozy prometeu durante a campanha presidencial deste ano estimular a chegada de imigrantes altamente escolarizados, em detrimento daqueles com pouca qualificação profissional. É da comunidade de estrangeiros com baixa escolaridade que chega o grosso dos pedidos de vistos de imigração para "reagrupamento familiar" -pais que querem trazer os filhos ou adultos que querem trazer parentes mais velhos.
Os imigrantes ilegais na França têm baixa qualificação profissional. Eles totalizam de 200 mil a 400 mil, segundo estimativas divergentes.
Além de descartar a legalização coletiva desse grupo, Hortefeux disse que o governo pretende expulsar até dezembro 25 mil ilegais.

Aposentadorias especiais
Sarkozy declarou ontem que sua próxima iniciativa na área da Previdência seria a reforma das chamadas "aposentadorias especiais" -que beneficiam 500 mil dos 27,8 milhões de trabalhadores locais. São categorias que se aposentam com menor tempo de contribuição.
Entre elas estão os ferroviários, metroviários parisienses, funcionários das estatais de gás e eletricidade, parlamentares e corpos estáveis da Ópera de Paris e da Comédie Française.
Segundo Sarkozy, o atual sistema "não se sustenta financeiramente, desencoraja o trabalho e não assegura a igualdade de oportunidades".
O ministro do Trabalho, Xavier Bertrand, abrirá em duas semanas diálogo com as centrais sindicais para impedir que o tema, extremamente sensível na França, seja estopim de greves parecidas com as de 1995, quando o governo tentou pela última vez mexer na questão.
O governo quer equiparar as aposentadorias especiais, concedidas a partir de 37,5 anos de contribuição, ao chamado regime geral, no qual se cotiza por 40 anos (41 anos a partir de 2012) para compensar o envelhecimento da população. Um francês vive hoje em média quase 81 anos.


Com agências internacionais


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