São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / O VOTO E O BOLSO

Crise divide Estados-pêndulo, diz pesquisa

Levantamento da CNN mostra candidatos empatados em cinco Estados que poderão decidir a eleição em novembro

Candidatos nanicos pegam até 7% do eleitorado em locais como Ohio e Flórida; McCain eleva tom crítico e propõe demitir chefe da SEC

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Sob impacto do agravamento da crise econômica americana, o republicano John McCain e o democrata Barack Obama estão virtualmente empatados em vários dos chamados Estados-pêndulo -sem preferência partidária definida-, mostra pesquisa divulgada ontem.
Levantamentos sobre a corrida à Casa Branca mostram os dois candidatos próximos também nos resultados nacionais, uma reacomodação após as convenções partidárias.
Na Flórida, Estado com 27 votos no Colégio eleitoral (de 270 necessários à vitória), Obama e McCain têm idênticos 48% da preferência, segundo pesquisa CNN/ "Time Magazine"/Opinion Research divulgada ontem. No também crucial Ohio, com 20 votos, Obama lidera com 49% da preferência, contra 47% de McCain -dentro da margem de erro da pesquisa, de 3 a 3,5 pontos percentuais em qualquer direção.
Para o diretor de pesquisas da CNN, Keating Holland, "em Ohio, eleitores mais abastados se moveram em direção a McCain, e os de baixa renda foram mais para Obama". "Aparentemente, a economia está dividindo cada vez mais os eleitores de acordo com sua faixa de renda, ao menos em Ohio, em um padrão clássico" de agrupamento nos partidos.
Na Flórida, Holland avalia que ajuda McCain ainda a defesa do candidato à prospecção de petróleo e gás natural em alto mar, hoje proibida.
A pesquisa indica que tendências antigas podem ser revertidas. Na Carolina do Norte, onde o presidente George W. Bush venceu por 12 pontos em 2004, 47% dos eleitores apóiam Obama, e 48%, McCain.
Em Indiana, Estado que não elege um presidente democrata desde 1964, a liderança de seis pontos de McCain sobre Obama está na margem de erro. Já em Wisconsin, em geral democrata, Obama tem só três pontos de vantagem sobre o rival.

Colégio Eleitoral
A eleição americana é indireta. Em 4 de novembro, há a votação popular, cujos resultados normalmente norteiam o voto dos delegados estaduais que escolherão o presidente no Colégio Eleitoral, em dezembro. Esses votos ocorrem em bloco -quem vence na Flórida, por exemplo, leva todo o "pacote" de 27 delegados do Estado. Vence quem tiver maioria simples, 270 dos 538 votos.
A CNN estima que, se a eleição fosse hoje, Obama teria 233 votos no Colégio Eleitoral e McCain, 189. Outros 116 estão por ser conquistados.
A pesquisa de ontem revelou ainda que candidatos menores, como o independente Ralph Nader, somam 7% em Indiana, 6% na Flórida e em Ohio e 5% na Carolina do Norte. Não está claro qual candidato majoritário seria mais prejudicado, mas o voto nanico pode ser determinante para o resultado final.
Nacionalmente, uma média de seis pesquisas tabulada pela CNN traz Obama com 47% da preferência e McCain, 45%. O índice indica um retorno à leve vantagem democrata anterior às convenções partidárias.
Em meio à instabilidade dos levantamentos, democrata e republicano mantiveram o foco na crise. A economia é a preocupação número um dos eleitores, segundo pesquisas.
McCain, com posições cada vez mais agressivas, disse ontem que, se fosse presidente, demitiria o presidente da SEC, órgão regulador dos mercados nos EUA. Nesta semana, ele reverteu seu discurso anti-regulamentação e culpou "a ganância em Wall Street" pela crise.
Há dúvidas se o presidente dos EUA tem constitucionalmente o direito de remover o presidente da SEC, pois tentativas anteriores em outros órgãos foram consideradas abuso de poder.
McCain também criticou o vice democrata, o senador Joe Biden, por propor elevar impostos para famílias com renda superior a US$ 250 mil. "Subir impostos em meio a uma crise não é patriótico, é burrice."
Obama rebateu os comentários de McCain e procurou ligar o rival às políticas que possibilitaram a atual crise. Em discurso ontem no Novo México, ele defendeu cortes de impostos de US$ 1.000 para a classe média.


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