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SUCESSÃO NOS EUA / O VOTO E O BOLSO
Crise divide Estados-pêndulo, diz pesquisa
Levantamento da CNN mostra candidatos empatados em cinco Estados que poderão decidir a eleição em novembro
Candidatos nanicos pegam até 7% do eleitorado em locais como Ohio e Flórida; McCain eleva tom crítico e propõe demitir chefe da SEC
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Sob impacto do agravamento
da crise econômica americana,
o republicano John McCain e o
democrata Barack Obama estão virtualmente empatados
em vários dos chamados Estados-pêndulo -sem preferência
partidária definida-, mostra
pesquisa divulgada ontem.
Levantamentos sobre a corrida à Casa Branca mostram os
dois candidatos próximos também nos resultados nacionais,
uma reacomodação após as
convenções partidárias.
Na Flórida, Estado com 27
votos no Colégio eleitoral (de
270 necessários à vitória), Obama e McCain têm idênticos
48% da preferência, segundo
pesquisa CNN/ "Time Magazine"/Opinion Research divulgada ontem. No também crucial
Ohio, com 20 votos, Obama lidera com 49% da preferência,
contra 47% de McCain -dentro da margem de erro da pesquisa, de 3 a 3,5 pontos percentuais em qualquer direção.
Para o diretor de pesquisas
da CNN, Keating Holland, "em
Ohio, eleitores mais abastados
se moveram em direção a
McCain, e os de baixa renda foram mais para Obama". "Aparentemente, a economia está
dividindo cada vez mais os eleitores de acordo com sua faixa
de renda, ao menos em Ohio,
em um padrão clássico" de
agrupamento nos partidos.
Na Flórida, Holland avalia
que ajuda McCain ainda a defesa do candidato à prospecção
de petróleo e gás natural em alto mar, hoje proibida.
A pesquisa indica que tendências antigas podem ser revertidas. Na Carolina do Norte,
onde o presidente George W.
Bush venceu por 12 pontos em
2004, 47% dos eleitores
apóiam Obama, e 48%,
McCain.
Em Indiana, Estado que não
elege um presidente democrata
desde 1964, a liderança de seis
pontos de McCain sobre Obama está na margem de erro. Já
em Wisconsin, em geral democrata, Obama tem só três pontos de vantagem sobre o rival.
Colégio Eleitoral
A eleição americana é indireta. Em 4 de novembro, há a votação popular, cujos resultados
normalmente norteiam o voto
dos delegados estaduais que escolherão o presidente no Colégio Eleitoral, em dezembro. Esses votos ocorrem em bloco
-quem vence na Flórida, por
exemplo, leva todo o "pacote"
de 27 delegados do Estado.
Vence quem tiver maioria simples, 270 dos 538 votos.
A CNN estima que, se a eleição fosse hoje, Obama teria 233
votos no Colégio Eleitoral e
McCain, 189. Outros 116 estão
por ser conquistados.
A pesquisa de ontem revelou
ainda que candidatos menores,
como o independente Ralph
Nader, somam 7% em Indiana,
6% na Flórida e em Ohio e 5%
na Carolina do Norte. Não está
claro qual candidato majoritário seria mais prejudicado, mas
o voto nanico pode ser determinante para o resultado final.
Nacionalmente, uma média
de seis pesquisas tabulada pela
CNN traz Obama com 47% da
preferência e McCain, 45%. O
índice indica um retorno à leve
vantagem democrata anterior
às convenções partidárias.
Em meio à instabilidade dos
levantamentos, democrata e
republicano mantiveram o foco
na crise. A economia é a preocupação número um dos eleitores, segundo pesquisas.
McCain, com posições cada
vez mais agressivas, disse ontem que, se fosse presidente,
demitiria o presidente da SEC,
órgão regulador dos mercados
nos EUA. Nesta semana, ele reverteu seu discurso anti-regulamentação e culpou "a ganância em Wall Street" pela crise.
Há dúvidas se o presidente
dos EUA tem constitucionalmente o direito de remover o
presidente da SEC, pois tentativas anteriores em outros órgãos foram consideradas abuso
de poder.
McCain também criticou o
vice democrata, o senador Joe
Biden, por propor elevar impostos para famílias com renda
superior a US$ 250 mil. "Subir
impostos em meio a uma crise
não é patriótico, é burrice."
Obama rebateu os comentários de McCain e procurou ligar
o rival às políticas que possibilitaram a atual crise. Em discurso ontem no Novo México, ele
defendeu cortes de impostos de
US$ 1.000 para a classe média.
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