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Rice esquenta retórica contra Rússia
Secretária de Estado acusa Moscou de "agressividade paranóica"; tom contrasta com o de secretário de Defesa
DO "FINANCIAL TIMES"
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, fez
ontem suas mais severas críticas à Rússia até o momento,
acusando Moscou de autoritarismo doméstico, "agressividade paranóica" no exterior e de
estar percorrendo "um caminho sem volta" rumo ao isolamento internacional.
Os comentários de Rice, parte do esforço americano para
redefinir a política em relação a
Moscou depois da guerra entre
Rússia e Geórgia, no mês passado, representam um dos pontos
mais baixos no relacionamento
entre Washington e Moscou
desde o fim da Guerra Fria.
"A posição internacional da
Rússia é pior do que em qualquer momento desde 1991",
disse Rice no German Marshall
Fund, em Washington.
Os EUA tentam reformular
sua política para a Rússia, que
até o mês passado tinha por foco reparar as relações com
Moscou depois do que o Kremlin vê como uma série de insultos nos anos de George W. Bush
-da ampliação da Otan, a
aliança militar ocidental, para
países de sua antiga área de influência à construção de bases
de um escudo antimísseis no
Leste Europeu.
No entanto, os esforços americanos contra a Rússia vêm
sendo prejudicados pela incerteza européia quanto a aprovar
o ingresso da Ucrânia e da
Geórgia na Otan. A Rússia é a
principal fornecedora de gás e
petróleo aos países europeus.
O tom do discurso de Rice
contrastou com as declarações
do secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, que
adota uma posição "realista"
em relação a Moscou.
Em visita a Londres para
uma reunião de ministros de
Defesa da Otan, ele reagiu com
frieza aos apelos dos países do
Leste Europeu por um compromisso mais robusto com a
defesa dos países da aliança
fronteiriços à Rússia.
"Precisamos proceder com
alguma cautela", ele disse, defendendo ações que "não representem provocação e não
tendam a cruzar limites difíceis
ou enviar sinais indesejados".
América Latina
No discurso, a secretária de
Estado afirmou que a visita de
dois dos "velhos" aviões militares russos à Venezuela não prejudicará a influência dos EUA
na América Latina, numa referência à aproximação militar
de Caracas com Moscou.
"Nós confiamos em que os laços com nossos vizinhos de nenhuma maneira serão diminuídos por uns poucos e velhos
bombardeiros visitando uma
das poucas autocracias da
América Latina", criticou Rice.
A relação dos EUA com a Venezuela piorou durante a recente crise na Bolívia, depois
que Caracas expulsou o embaixador americano "em solidariedade" a gesto igual de La Paz,
que acusou o representante de
Washington de conspiração.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Com agências internacionais
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