São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Rice esquenta retórica contra Rússia

Secretária de Estado acusa Moscou de "agressividade paranóica"; tom contrasta com o de secretário de Defesa

DO "FINANCIAL TIMES"

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, fez ontem suas mais severas críticas à Rússia até o momento, acusando Moscou de autoritarismo doméstico, "agressividade paranóica" no exterior e de estar percorrendo "um caminho sem volta" rumo ao isolamento internacional.
Os comentários de Rice, parte do esforço americano para redefinir a política em relação a Moscou depois da guerra entre Rússia e Geórgia, no mês passado, representam um dos pontos mais baixos no relacionamento entre Washington e Moscou desde o fim da Guerra Fria.
"A posição internacional da Rússia é pior do que em qualquer momento desde 1991", disse Rice no German Marshall Fund, em Washington.
Os EUA tentam reformular sua política para a Rússia, que até o mês passado tinha por foco reparar as relações com Moscou depois do que o Kremlin vê como uma série de insultos nos anos de George W. Bush -da ampliação da Otan, a aliança militar ocidental, para países de sua antiga área de influência à construção de bases de um escudo antimísseis no Leste Europeu.
No entanto, os esforços americanos contra a Rússia vêm sendo prejudicados pela incerteza européia quanto a aprovar o ingresso da Ucrânia e da Geórgia na Otan. A Rússia é a principal fornecedora de gás e petróleo aos países europeus.
O tom do discurso de Rice contrastou com as declarações do secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, que adota uma posição "realista" em relação a Moscou.
Em visita a Londres para uma reunião de ministros de Defesa da Otan, ele reagiu com frieza aos apelos dos países do Leste Europeu por um compromisso mais robusto com a defesa dos países da aliança fronteiriços à Rússia.
"Precisamos proceder com alguma cautela", ele disse, defendendo ações que "não representem provocação e não tendam a cruzar limites difíceis ou enviar sinais indesejados".

América Latina
No discurso, a secretária de Estado afirmou que a visita de dois dos "velhos" aviões militares russos à Venezuela não prejudicará a influência dos EUA na América Latina, numa referência à aproximação militar de Caracas com Moscou.
"Nós confiamos em que os laços com nossos vizinhos de nenhuma maneira serão diminuídos por uns poucos e velhos bombardeiros visitando uma das poucas autocracias da América Latina", criticou Rice.
A relação dos EUA com a Venezuela piorou durante a recente crise na Bolívia, depois que Caracas expulsou o embaixador americano "em solidariedade" a gesto igual de La Paz, que acusou o representante de Washington de conspiração.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

Com agências internacionais


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