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Familiares autorizam exumação de Lorca
Poeta espanhol fuzilado em 1936 está numa vala comum perto de Granada; questão foi parar na Justiça
DA REDAÇÃO
Familiares do poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca (1898-1936) concordaram com a exumação de seus
ossos, que estão numa vala comum com três outros republicanos fuzilados pelos franquistas no início da Guerra Civil.
Os descendentes de Lorca resistiam à idéia de exumá-lo por
acreditarem que as fossas comuns representam "um cemitério natural" e mantêm unidas
as vítimas "do mesmo selvagem
e cruel assassinato", conforme
uma sobrinha-neta do poeta,
Laura García Lorca, que é também presidente da fundação
que leva o nome dele.
A parente exige, no entanto,
que a exumação ocorra de forma discreta, sem se tornar "um
espetáculo de mídia".
Lorca foi provavelmente fuzilado em 18 de agosto de 1936,
num oliveiral entre as localidades de Víznar e Alfacar, na Província de Granada. Foram mortos e enterrados em sua companhia um professor primário
chamado Dióscoro Galindo
González e dois militantes sindicais, Francisco Galadi e Juan
Arcolla. Acredita-se que estejam sepultadas naquela região
de 1.000 a 3.000 vítimas granadinas do franquismo.
A exumação de Lorca foi evocada quando descendentes de
Galindo González interpelaram a Justiça para terem o direito de transferir seus ossos ao
túmulo familiar. A petição está
nas mãos do juiz Baltasar Garzón, responsável pela prisão
em Londres, em 1998, do ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-1990).
Balanço da Guerra Civil
Garzón é hoje um dos encarregados de fazer um levantamento rigoroso sobre o número de vítimas da Guerra Civil
Espanhola (1936-1939), depois
da qual começaram os 36 anos
da ditadura de Franco.
A exumação de Lorca era
também defendida pela Associação para a Recuperação da
Memória Histórica. Seu presidente, Emilio Silva, disse ontem à Folha "não entender as
objeções da família García Lorca". Disse que, a rigor, os demais ocupantes da vala comum
poderiam ser retirados, mantendo-se desacompanhados os
ossos do poeta.
"Não compreendo que tenha
sido preciso chegar às vias judiciais para que o problema fosse
resolvido", afirmou.
A sobrinha-neta, que acabou
concordando com a exumação
antes de o juiz determiná-la,
afirmou ontem considerar "infame" a insinuação de que só o
pleno conhecimento sobre os
sepultados em valas comuns
permitiria aprofundar a história do período na Espanha.
Com agências internacionais
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