São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

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De colégio nos EUA a líder do narcotráfico no México

Conhecido como "Barbie", americano se tornou temido líder das drogas

Preso há três semanas, Eddie Valdez Villarreal diz que levava dinheiro em caminhões para o território mexicano

JAMES C. MCKINLEY JR.
ELISABETH MALKIN
DO "NEW YORK TIMES", EM LAREDO, TEXAS

As crianças do subúrbio de classe média em que ele vivia no Texas zombavam dele, chamando-o de "Barbie" porque sua aparência lembrava a do boneco Ken. O nome pegou, e três décadas depois estaria associado a mortes sádicas praticadas por gangues.
Pouca gente que conhecia Eddie Valdez Villarreal quando ele foi astro do futebol americano na United High School, em Laredo, imaginaria que viria a se tornar um dos mais temidos e selvagens líderes das drogas no México.
Sua juventude não teve nenhum dos clichês associados ao crime: sem lar desfeito, pai violento, vida pobre. Em vez disso, seu pai era dono de loja e enfatizava religião, trabalho árduo e valor do estudo universitário.
Valdez cresceu em uma casa confortável. Quase todos os seus irmãos cursaram universidades, abriram negócios e se tornaram cidadãos ordeiros e esteios da sociedade, de acordo com vizinhos da família e parentes.
"Ele escolheu seu caminho", diz o irmão mais velho de Valdez, Abel Valdez Jr. "Somos uma boa família."
Autoridades afirmam que Valdez, 37, se transferiu ao México depois de ser indiciado por tráfico de maconha nos EUA, nos anos 90, e não demorou a se tornar um violento líder na gangue Beltrán-Leyva. Ele é o único cidadão americano, ao que se sabe, que chegou longe na estrutura dos cartéis mexicanos. Há cinco anos, Valdez teve papel-chave em uma batalha entre o cartel de Sinaloa e o do Golfo pelo controle da lucrativa rota de contrabando para os EUA.
Acredita-se também que ele seja o responsável por expandir o conflito ao centro e ao sul do México, tomando a cidade de Acapulco.
Há três semanas, Valdez foi capturado pela polícia federal mexicana depois de um tiroteio nas montanhas a noroeste da Cidade do México.
Ele havia conseguido escapar das autoridades por anos, a despeito da oferta de recompensas milionárias por sua captura ou morte, e sua detenção é vista como sério revés para os remanescentes do grupo Beltrán-Leyva.
Valdez vinha lutando há meses pelo controle da gangue, desde que o líder do grupo e seu mentor pessoal, Arturo Beltrán-Leyva, foi morto em dezembro.
Disputa interna opôs Valdez a Hector, irmão de Beltrán-Leyva. Mais de 150 pessoas morreram como resultado, muitas delas mutiladas ou decapitadas, e deixadas com mensagens macabras para o lado oponente.
Em declarações gravadas pela polícia do México, Valdez conta que comandava uma rota de contrabando do Panamá ao México e que transportava dinheiro em caminhões dos EUA para território mexicano.
Também admitiu vínculos com muitos dos mais procurados líderes das drogas mexicanos, entre os quais Joaquin Guzmán, que emergiu dos três últimos anos de guerra das drogas como líder do mais poderoso cartel.
Valdez enfrenta três acusações nos EUA. Em Atlanta, foi indiciado por contrabandear toneladas de cocaína entre 2004 e 2006; levava a droga ao país em caminhões e devolvia os milhões de dólares auferidos com as vendas da mesma forma.
Kent Schaffer, advogado de Valdez, diz que seu cliente nega todas as acusações contra ele. Schaffer também afirmou que Valdez foi provavelmente coagido a fazer as declarações gravadas em vídeo.


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