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De colégio nos EUA a líder do narcotráfico no México
Conhecido como "Barbie", americano se tornou temido líder das drogas
Preso há três semanas, Eddie Valdez Villarreal diz que levava dinheiro em caminhões para o território mexicano
JAMES C. MCKINLEY JR.
ELISABETH MALKIN
DO "NEW YORK TIMES",
EM LAREDO, TEXAS
As crianças do subúrbio de
classe média em que ele vivia
no Texas zombavam dele,
chamando-o de "Barbie"
porque sua aparência lembrava a do boneco Ken. O nome pegou, e três décadas depois estaria associado a mortes sádicas praticadas por
gangues.
Pouca gente que conhecia
Eddie Valdez Villarreal
quando ele foi astro do futebol americano na United
High School, em Laredo,
imaginaria que viria a se tornar um dos mais temidos e
selvagens líderes das drogas
no México.
Sua juventude não teve
nenhum dos clichês associados ao crime: sem lar desfeito, pai violento, vida pobre.
Em vez disso, seu pai era dono de loja e enfatizava religião, trabalho árduo e valor
do estudo universitário.
Valdez cresceu em uma casa confortável. Quase todos
os seus irmãos cursaram universidades, abriram negócios e se tornaram cidadãos
ordeiros e esteios da sociedade, de acordo com vizinhos
da família e parentes.
"Ele escolheu seu caminho", diz o irmão mais velho
de Valdez, Abel Valdez Jr.
"Somos uma boa família."
Autoridades afirmam que
Valdez, 37, se transferiu ao
México depois de ser indiciado por tráfico de maconha
nos EUA, nos anos 90, e não
demorou a se tornar um violento líder na gangue Beltrán-Leyva. Ele é o único cidadão americano, ao que se
sabe, que chegou longe na
estrutura dos cartéis mexicanos. Há cinco anos, Valdez
teve papel-chave em uma batalha entre o cartel de Sinaloa e o do Golfo pelo controle
da lucrativa rota de contrabando para os EUA.
Acredita-se também que
ele seja o responsável por expandir o conflito ao centro e
ao sul do México, tomando a
cidade de Acapulco.
Há três semanas, Valdez
foi capturado pela polícia federal mexicana depois de um
tiroteio nas montanhas a noroeste da Cidade do México.
Ele havia conseguido escapar das autoridades por
anos, a despeito da oferta de
recompensas milionárias por
sua captura ou morte, e sua
detenção é vista como sério
revés para os remanescentes
do grupo Beltrán-Leyva.
Valdez vinha lutando há
meses pelo controle da gangue, desde que o líder do grupo e seu mentor pessoal, Arturo Beltrán-Leyva, foi morto
em dezembro.
Disputa interna opôs Valdez a Hector, irmão de Beltrán-Leyva. Mais de 150 pessoas morreram como resultado, muitas delas mutiladas
ou decapitadas, e deixadas
com mensagens macabras
para o lado oponente.
Em declarações gravadas
pela polícia do México, Valdez conta que comandava
uma rota de contrabando do
Panamá ao México e que
transportava dinheiro em caminhões dos EUA para território mexicano.
Também admitiu vínculos
com muitos dos mais procurados líderes das drogas mexicanos, entre os quais Joaquin Guzmán, que emergiu
dos três últimos anos de
guerra das drogas como líder
do mais poderoso cartel.
Valdez enfrenta três acusações nos EUA. Em Atlanta,
foi indiciado por contrabandear toneladas de cocaína
entre 2004 e 2006; levava a
droga ao país em caminhões
e devolvia os milhões de dólares auferidos com as vendas da mesma forma.
Kent Schaffer, advogado
de Valdez, diz que seu cliente
nega todas as acusações contra ele. Schaffer também afirmou que Valdez foi provavelmente coagido a fazer as declarações gravadas em vídeo.
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