São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Grupos que apóiam o presidente têm US$ 48 mi para gastar, contra US$ 8 mi dos simpatizantes de Kerry

No final, Bush abre vantagem financeira

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Na reta final da corrida eleitoral nos EUA, a campanha do presidente George W. Bush vem contando com uma munição seis vezes maior que a do adversário democrata, John Kerry, para anúncios em Estados que concentram os eleitores indecisos.
Grupos "independentes" que apóiam o presidente têm hoje cerca de US$ 48 milhões em caixa para anúncios no rádio e na TV, contra menos de US$ 8 milhões arrecadados por entidades que apóiam Kerry. Até o final de agosto, os simpatizantes de Kerry lideravam os gastos, com entidades como a MoveOn.org e The Media Fund à frente, segundo dados da Comissão Federal Eleitoral.
Em dinheiro próprio, as duas campanhas estão praticamente empatadas. Elas têm cerca de US$ 15 milhões, cada uma, da verba de US$ 75 milhões que receberam em fundos públicos.
Um dos maiores estragos contra a candidatura Kerry neste ano partiu de um desses grupos independentes, os Swift Boats Veterans, que acusaram o democrata de ter traído outros soldados ao participar de protestos contra a Guerra do Vietnã, nos anos 70.
Ao lado do grupo Progress for America, que gastou US$ 12 milhões neste mês a favor de Bush em três Estados-chave, os Swift Boats for Veterans lideram os anúncios contra Kerry nesta reta final. Apelidados de "527" (referência à lei que os criou), esses grupos se valem de uma brecha legal para arrecadar os fundos usados nos anúncios.
A MoveOn.org, por exemplo, teve por trás o bilionário George Soros, ferrenho crítico de Bush.
Concentrados em 12 Estados, Bush soltou ontem uma série de novos comerciais onde explora as "fraquezas" de seu adversário na área da segurança -ponto considerado forte no presidente.

"Indeciso" x "arrogante"
Ao mesmo tempo, Bush afirmou ontem que os EUA "permanecem alertas" sobre a possibilidade de um ataque terrorista no país às vésperas da eleição.
"Os EUA e outros países têm estado preocupados com essa possibilidade desde o ataques em Madri", disse Bush, em referência a atentado atribuído à rede Al Qaeda que matou 191 pessoas às vésperas da eleição espanhola.
No anúncio que foi ao ar ontem, a campanha do presidente acusa Kerry de ser "indeciso" em relação à guerra ao terror e afirma: "Ou enfrentamos os terroristas no exterior ou teremos de enfrentá-los aqui".
Em campanha na Flórida, Kerry chamou Bush de "arrogante" e qualificou como "retórica vazia" o discurso do presidente de que as tropas americanas no Iraque estão bem armadas e protegidas.
Citando relatório do ano passado escrito pelo general no Iraque Ricardo Sanchez, onde ele reclama da falta de equipamentos, Kerry disse que Bush "desconsiderou, de forma arrogante, todos os conselhos sobre o Iraque".
Novos anúncios da campanha do democrata continuaram ressaltando questões internas como saúde, educação e Previdência, considerados seus pontos fortes.
Kerry vem afirmando que Bush prepara "uma surpresa para janeiro", que resultaria em uma redução de até 45% nos benefícios de alguns aposentados.
Desde o final de semana, as duas campanhas começaram a enviar dezenas de advogados para começarem a se preparar para a apuração eleitoral em vários Estados do país.
Com os eleitores divididos ao meio, ambos os candidatos acreditam que poderá haver contestações dos resultados em centenas dos 200 mil locais de votação a partir de 2 de novembro.
Ontem, nova pesquisa Reuters/ Zogby mostrou Bush e Kerry empatados com 45% cada.


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