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ELEIÇÃO NOS EUA
Grupos que apóiam o presidente têm US$ 48 mi para gastar, contra US$ 8 mi dos simpatizantes de Kerry
No final, Bush abre vantagem financeira
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Na reta final da corrida eleitoral
nos EUA, a campanha do presidente George W. Bush vem contando com uma munição seis vezes maior que a do adversário democrata, John Kerry, para anúncios em Estados que concentram
os eleitores indecisos.
Grupos "independentes" que
apóiam o presidente têm hoje cerca de US$ 48 milhões em caixa para anúncios no rádio e na TV,
contra menos de US$ 8 milhões
arrecadados por entidades que
apóiam Kerry. Até o final de agosto, os simpatizantes de Kerry lideravam os gastos, com entidades
como a MoveOn.org e The Media
Fund à frente, segundo dados da
Comissão Federal Eleitoral.
Em dinheiro próprio, as duas
campanhas estão praticamente
empatadas. Elas têm cerca de US$
15 milhões, cada uma, da verba de
US$ 75 milhões que receberam
em fundos públicos.
Um dos maiores estragos contra a candidatura Kerry neste ano
partiu de um desses grupos independentes, os Swift Boats Veterans, que acusaram o democrata
de ter traído outros soldados ao
participar de protestos contra a
Guerra do Vietnã, nos anos 70.
Ao lado do grupo Progress for
America, que gastou US$ 12 milhões neste mês a favor de Bush
em três Estados-chave, os Swift
Boats for Veterans lideram os
anúncios contra Kerry nesta reta
final. Apelidados de "527" (referência à lei que os criou), esses
grupos se valem de uma brecha
legal para arrecadar os fundos
usados nos anúncios.
A MoveOn.org, por exemplo,
teve por trás o bilionário George
Soros, ferrenho crítico de Bush.
Concentrados em 12 Estados,
Bush soltou ontem uma série de
novos comerciais onde explora as
"fraquezas" de seu adversário na
área da segurança -ponto considerado forte no presidente.
"Indeciso" x "arrogante"
Ao mesmo tempo, Bush afirmou ontem que os EUA "permanecem alertas" sobre a possibilidade de um ataque terrorista no
país às vésperas da eleição.
"Os EUA e outros países têm estado preocupados com essa possibilidade desde o ataques em
Madri", disse Bush, em referência
a atentado atribuído à rede Al
Qaeda que matou 191 pessoas às
vésperas da eleição espanhola.
No anúncio que foi ao ar ontem,
a campanha do presidente acusa
Kerry de ser "indeciso" em relação à guerra ao terror e afirma:
"Ou enfrentamos os terroristas
no exterior ou teremos de enfrentá-los aqui".
Em campanha na Flórida, Kerry
chamou Bush de "arrogante" e
qualificou como "retórica vazia"
o discurso do presidente de que as
tropas americanas no Iraque estão bem armadas e protegidas.
Citando relatório do ano passado escrito pelo general no Iraque
Ricardo Sanchez, onde ele reclama da falta de equipamentos,
Kerry disse que Bush "desconsiderou, de forma arrogante, todos
os conselhos sobre o Iraque".
Novos anúncios da campanha
do democrata continuaram ressaltando questões internas como
saúde, educação e Previdência,
considerados seus pontos fortes.
Kerry vem afirmando que Bush
prepara "uma surpresa para janeiro", que resultaria em uma redução de até 45% nos benefícios
de alguns aposentados.
Desde o final de semana, as duas
campanhas começaram a enviar
dezenas de advogados para começarem a se preparar para a
apuração eleitoral em vários Estados do país.
Com os eleitores divididos ao
meio, ambos os candidatos acreditam que poderá haver contestações dos resultados em centenas
dos 200 mil locais de votação a
partir de 2 de novembro.
Ontem, nova pesquisa Reuters/
Zogby mostrou Bush e Kerry empatados com 45% cada.
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