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"ROMEU E JULIETA"
Blackwell e Ehdaa, que se casaram no Iraque, pretendem "contar tudo o que tiveram de enfrentar"
Ex-soldado e iraquiana querem escrever livro
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Morando nos EUA desde
agosto, o ex-sargento da Guarda Nacional da Flórida Sean
Blackwell, 28, e sua mulher, a
iraquiana Ehdaa Alrays, 26,
que ficaram conhecidos como
"Romeu e Julieta do Iraque",
planejam escrever um livro para contar sua história.
"Chegamos aos EUA em 13
de agosto. Pretendemos escrever um livro para contar a todos tudo o que tivemos de enfrentar", afirmou Ehdaa, por e-mail, à Folha. "Mas minha
agente me pediu que ainda não
explicasse os detalhes à mídia",
acrescentou a médica iraquiana.
Ehdaa e o ex-sargento, que vivem hoje em Pensacola, na Flórida, se casaram em Bagdá, em
agosto de 2003, quando Blackwell trabalhava na segurança do
Ministério da Saúde do Iraque.
Este, à época, era comandado
pela coalizão anglo-americana,
que depusera o ex-ditador Saddam Hussein em abril.
Em seguida, Blackwell recebeu
punição das Forças Armadas
por deixar sua patrulha sem autorização para casar-se com Ehdaa, sendo restrito à sua base. De
acordo com o Exército, "ele não
foi punido por casar-se, mas por
descumprir seu dever militar".
Mais tarde, Blackwell sofreu
uma repreensão formal e, em
dezembro passado, foi desligado
das Forças Armadas. "Sean chegou a Pensacola antes do Natal.
Ficou aqui até 11 de fevereiro,
quando foi à Jordânia para tratar
do caso de Ehdaa", explicou Vickie McKee, mãe de Blackwell.
Segundo ela, apesar dos riscos
para sua segurança, Ehdaa "permaneceu em Bagdá até 12 de fevereiro", quando rumou para
Amã para reencontrar-se com o
marido. Eles permaneceram seis
meses na Jordânia, até a iraquiana obter um "green card".
"O casamento é válido nos
EUA. Ehdaa já pode viver aqui,
mas não deverá receber a cidadania americana tão cedo", explicou Richard Alvoid, advogado americano da médica.
Por outro lado, ele se mostrou cético, por ora, quanto à
possibilidade de publicação do
livro. "O casal quer pôr sua vida em ordem. No entanto ainda não houve acordo sobre um
livro ou um filme por conta da
situação no Iraque e de Abu
Ghraib", disse Alvoid, aludindo ao escândalo sobre a tortura
de detentos na prisão iraquiana.
De fato, a Guerra do Iraque
não é um tema popular nos EUA
atualmente, embora domine a
campanha eleitoral.
Blackwell, que era cristão e
aceitou converter-se ao islamismo para poder casar-se oficialmente no Iraque, afirmou que
ainda pretende "formar-se em
nutrição e viver tranqüilamente
com Ehdaa na Flórida".
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