São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006

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Com bomba coreana, Rice promete proteger asiáticos

Reuters-18.out.2006
Soldados norte-coreanos caminham perto de Sinuiji; país estaria planejando segundo teste nuclear, mas China tenta dissuadi-lo


EUA temem efeitos do mau exemplo de Pyongyang; Japão nega buscar nuclearização

Apesar de negativa, líderes políticos defendem debate sobre o assunto; Hans Blix alerta para radicalização norte-coreana ante sanções

DA REDAÇÃO

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, reafirmou ontem, em Tóquio, que seu país manterá "integralmente" o compromisso de defender seus aliados asiáticos.
O recado ganha um novo significado depois que a Coréia do Norte efetuou seu primeiro teste nuclear, no último dia 9. Washington teme que, diante da ameaça que o regime de Pyongyang passou a representar, outros países asiáticos -Japão, Coréia do Sul e Taiwan- também procurem construir a bomba atômica.
O chanceler japonês, Taro Aso, tranqüilizou Rice e afirmou que seu governo "não tem nenhuma intenção de se nuclearizar".
Mas o próprio Aso, relata o "New York Times", participou ontem de um debate parlamentar em que, mesmo negando querer a bomba, disse ser "importante" que o tema seja discutido. Criticou o tabu que envolve o assunto no Japão, justificado pelo grande trauma de 1945 -as bombas de Hiroxima e Nagasaki.
No domingo Shoichi Nakagawa, dirigente do Partido Democrata Liberal, também criticou o tabu e defendeu a discussão do assunto.
Assessores de Condoleezza Rice afirmam saber que o Japão possui tecnologia para testar uma bomba a médio prazo, e que mesmo a suposta existência de tal plano reabriria feridas regionais e envenenaria a atmosfera diplomática na Ásia.

O segundo teste
Ao chegar ontem a Tóquio, Rice foi informada de que satélites espiões americanos registraram intensa movimentação na área em que Pyongyang explodiu sua primeira bomba, o que sugere a possibilidade de uma segunda explosão. A rede de televisão americana NBC disse que os norte-coreanos comunicaram à China que o segundo teste estava a caminho.
O presidente chinês, Hu Jintao, diz a Associated Press, enviou dois emissários a Pyongyang, provavelmente com o objetivo de dissuadir seu pequeno e isolado vizinho comunista de prosseguir com o plano. São eles o diplomata Tang Jiaxuan e o especialista em questões nucleares Wu Dawei.
Em Estocolmo, em entrevista a uma emissora sueca de rádio, Hans Blix, ex-chefe da missão da ONU no Iraque que procurou arsenais de destruição em massa durante o regime de Saddam Hussein, disse que Pyongyang tende a se radicalizar caso cresçam as pressões contra a sua bomba. Sanções e ameaças, disse, provocarão uma escalada, em lugar de permitir uma solução diplomática.
O jornal norte-coreano "Rodong Sinmum" atacou ontem a Coréia do Sul por se associar às sanções votadas sábado pelo Conselho de Segurança. Qualificou a decisão de "traição".


Com agências internacionais


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