São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2011 |
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ANÁLISE Emoção vem do fato de serviço militar ser ainda elemento de integração no país DANIEL DOUEK ESPECIAL PARA A FOLHA Em Israel, dedicar anos da vida ao Exército faz parte dos deveres da maioria dos cidadãos -homens e mulheres-, e o serviço militar é ainda um elemento importante para integração social. Nesse sentido, o sequestro do soldado Gilad Shalit, em junho de 2006, aos 19 anos, chamou atenção de toda a população e gerou comoção nacional. De acordo com as últimas pesquisas, 79% dos israelenses eram favoráveis ao acordo. Sem dúvida, a queda no número de atentados nos últimos anos, a crença de que Israel é suficientemente capaz de evitar novos ataques, o fracasso das tentativas militares para a libertação do soldado, o fortalecimento da campanha nacional em defesa de um acordo com o Hamas e a ausência de alternativas foram decisivos. Mas dois acontecimentos muito recentes devem ser considerados: o pedido de reconhecimento do Estado palestino pelo premiê da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, na ONU, e os protestos por justiça social, em Israel. Externamente isolado por conta da oposição ao pedido do reconhecimento do Estado Palestino e internamente enfraquecido por conta das manifestações de massa que ocorreram entre julho e setembro deste ano -as maiores da história de Israel-, o primeiro ministro Binyamin Netanyahu estava com a popularidade desgastada. Embora o preço pago tenha sido considerado bastante alto, ao trazer Gilad Shalit de volta, Netanyahu abafou a iniciativa palestina na ONU e as críticas que vinha sofrendo em relação às políticas econômicas e sociais do governo, fortaleceu a coesão nacional e reestabeleceu a confiança da população no Estado. Deu novo fôlego à memória coletiva baseada na crença de que um prisioneiro nunca será abandonado. Em outras palavras, Netanyahu faz as pazes entre o governo e cidadãos, pelo menos momentaneamente. É claro que o apoio da população israelense ao acordo pode sofrer mudanças no caso de novos ataques ou quando questões não resolvidas retornarem à agenda. Até o momento, entretanto, Netanyahu sai fortalecido. DANIEL DOUEK, cientista social, é mestrando no Depto. de Hebraico da USP Texto Anterior: Soltura de soldado comove israelenses Próximo Texto: Embaixador diz que teme novos atos de terror Índice | Comunicar Erros |
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