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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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EPIDEMIA

Relatório do Banco Mundial aponta falta de coordenação como o maior problema ao lidar com a doença na região

AL usa mal as verbas contra Aids, diz Bird

LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO

A pouca coordenação entre instituições da sociedade civil, o uso indevido de recursos e as falhas nos registros de incidência da doença são os maiores obstáculos ao combate à Aids na América Latina, afirma relatório do Banco Mundial (Bird) divulgado ontem.
"Sem a sociedade civil não dá para combater a epidemia dentro de todos os grupos de alto risco", disse à Folha Anabela Abreu, principal autora do relatório, também assinado por Isabel Noguer e Karen Cowgill.
O estudo, feito entre março de 2002 e março deste ano em 17 países latino-americanos -entre eles Brasil, México, Argentina e Chile-, mostra que a prevalência do HIV (vírus que causa a Aids) entre a população de 15 a 49 anos na região é de 0,5% -mas adverte que o índice pode ser superior, já que 30% dos casos não seriam registrados. Em 2001, cerca de 130 mil pessoas foram infectadas, e 80 mil morreram por causa da Aids.
Embora o nível de incidência continue maior entre os grupos de alto risco -homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e pessoas com doenças sexualmente transmissíveis-, a Aids já extravasou esse âmbito.
Jovens e mulheres foram identificados pelas ONGs e pelos médicos envolvidos no estudo como grupos cada vez mais vulneráveis ao contágio e, por isso, merecedores de campanhas especiais de educação para a prevenção -algo já em prática no Brasil.
Mas, apesar do esforço -o país foi elogiado pela portuguesa Abreu-, a região Sudeste brasileira é apontada como a única na América Latina em que a maior via de contaminação é o sexo entre heterossexuais.

Exemplo brasileiro
"O Brasil é um exemplo em várias áreas no que diz respeito ao tratamento da Aids", disse Abreu, que atribui o sucesso brasileiro "à ampla vontade política" dos sucessivos governos e ao grande envolvimento da sociedade civil.
"Por ter começado cedo a lidar com a questão, o país tem agora um papel preponderante na América Latina até no sentido de fornecer tecnologia."
Abreu acredita que o planejamento financeiro e a melhor coordenação entre as diferentes frentes de ação possam impedir que a epidemia tome proporções avassaladoras na região.
A ação dos governos também é requerida. São considerados pontos estratégicos a expansão dos programas preventivos para grupos de alto risco, a melhora do acesso dessas pessoas aos serviços públicos, a melhora do sistema de saúde, o monitoramento dos comportamentos de risco, da disseminação da infecção e da magnitude da epidemia, a criação de mecanismos legais que protejam as pessoas infectadas da discriminação e da exclusão e a inclusão dos portadores de HIV como membros ativos da sociedade.
Acima de todas essas estratégias, a mais importante é a informação, segundo médicos e as ONGs que trabalham na prevenção e no tratamento da Aids. Eles consideram a inadequação e a deficiência nas informações sobre estratégias preventivas o principal problema que enfrentam hoje.


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