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Irã "estuda" enriquecer urânio na Suíça
No que seria um novo blefe, Ahmadinejad diz que integraria consórcio árabe, proposto pelos sauditas
DA REDAÇÃO
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse ontem à agência Dow Jones
Newswires que "conversará
com dirigentes árabes" sobre a
proposta de um consórcio regional para o enriquecimento
de urânio, capaz de abastecer
de combustível os reatores que
seu país pretende construir.
Ahmadinejad levantou a possibilidade de o combustível ser
produzido "num país neutro" e
citou nominalmente a Suíça.
Ainda ontem, em entrevista
ao semanário "NZZ am Sonntag", a presidente suíça, Micheline Calmy-Rey, afirmou que a
neutralidade de seu país permitiria que ele intermediasse para
pôr fim ao impasse criado pelo
programa nuclear iraniano.
"As grandes potências não
foram até agora capazes de forçar o Irã a deixar de enriquecer
urânio", afirmou. Ela também
disse que a Suíça se opõe à proliferação de tecnologia nuclear,
mas reconhece aos iranianos o
direito de manter um programa nuclear com fins pacíficos.
Mais um blefe?
É impossível afirmar até que
ponto o presidente iraniano
não está estimulando um novo
blefe diplomático. Na última
quinta-feira, quando foi divulgado o relatório da AIEA
(Agência Internacional de
Energia Atômica), com dúvidas
e uma formulação ambígua sobre os projetos atômicos de seu
país, por 48 horas ele reiterou
que não abriria mão do controle do ciclo completo do átomo,
que prevê o enriquecimento de
urânio -a agência da ONU disse que seu país já dispõe de
3.000 centrífugas instaladas.
Ter mudado repentinamente
de opinião em razão da Suíça,
um país com baixíssimo poder
de pressão, seria algo de certo
modo inacreditável.
Em 2005 a Rússia propôs a
Teerã a criação de uma empresa binacional para a produção
de combustível que funcionaria
em seu território. Depois de
meses "estudando cuidadosamente" a idéia, o Irã anunciou
que prosseguiria enriquecendo
seu próprio urânio.
Agora Ahmadinejad se referiu a uma iniciativa da Arábia
Saudita, onde ele se encontrava
ontem para participar de reunião dos integrantes da Opep, o
cartel do petróleo.
Consórcio no Golfo
O ministro saudita das Relações Exteriores, príncipe Saud
al Faiçal, em entrevista ao
"Middle East Economic Digest", afirmou há duas semanas
que seria sensato que os países
do Oriente Médio se juntassem
num consórcio para a produção
de urânio enriquecido.
O mecanismo seria coordenado pelo Conselho de Cooperação do Golfo, organismo integrado por seis países árabes, ao
qual Teerã poderia aderir (o Irã
é muçulmano, mas não é árabe). Foi o príncipe Faiçal que
mencionou a eventual instalação da usina do consórcio num
país neutro como a Suíça.
A AIEA só agora recebeu detalhes sobre o programa clandestino de enriquecimento de
urânio que os iranianos desenvolveram por 18 anos. Trata-se
de um projeto que aos poucos
ganhou o peso de plataforma
capaz de unificar tendências
políticas e confessionais naquele Estado islâmico.
Se for levada adiante a idéia
de produzir combustível por
meio do consórcio -e nada por
enquanto indica ser esse o caso-, o Irã estaria automaticamente debaixo de mecanismos
de controle que evitariam o
desvio de material para a produção da bomba atômica. É o
temor dos Estados Unidos, de
Israel e do Conselho de Segurança, que já votou contra
aquele país islâmico dois pacotes de sanções e se prepara para
votar um terceiro.
Com agências internacionais
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