São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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Fidel diz ter delegado chefia do PC cubano

Ex-ditador cita saúde frágil, mas não deixa claro se já renunciou oficialmente ao cargo que ocupa desde 1965

Segundo imprensa oficial, em evento com estudantes, ele afirmou nunca ter hesitado em "deixar posições"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ex-ditador de Cuba, Fidel Castro, disse em encontro com estudantes que a saúde frágil o obrigou a delegar poderes como chefe do Partido Comunista, mas não deixou claro se renunciou ao posto.
"Fiquei doente e fiz o que deveria fazer: deleguei meus poderes. Não posso fazer o que não estou em condições de me dedicar em tempo integral", disse Fidel, 84, sugerindo que pode ter deixado a liderança do partido oficial.
"Eu sou apenas um soldado das ideias. Não hesitei em nenhum momento em deixar as minhas posições", disse o ex-ditador cubano, de acordo com a imprensa oficial.
Fidel, líder da Revolução de 1959, cedeu o poder interinamente ao seu irmão, Raúl Castro, em 2006, para se submeter a tratamento de saúde no intestino -a doença que o acometeu não foi revelada.
Dois anos depois, em fevereiro de 2008, renunciou oficialmente à Presidência cubana em nome de Raúl, que assumiu prometendo promover reformas econômicas e maior abertura no regime.
Fidel manteve, porém, pelo menos oficialmente, a chefia do partido único cubano.
No começo deste mês, Raúl convocou para abril do próximo ano que vem um raro Congresso partidário. O evento não ocorre desde 1997 e, segundo Havana, discutirá o futuro econômico da ilha.
No encontro com os estudantes, promovido para discutir justamente o plano econômico que será lançado no Congresso, o ex-ditador "esclareceu" que não comparecia na qualidade de primeiro-secretário do partido.
Especula-se que, no evento, para o qual está previsto ainda o ingresso de "novos membros" e a "separação ou liberação" de outros, seja ratificada a substituição do de Fidel como chefe do partido.
Fidel ocupa a Primeira-Secretaria do Partido Comunista cubano desde 1965.

MODELO CHINÊS
Segundo a imprensa oficial, Fidel disse ainda aos estudantes estar "contente porque o país está marchando, apesar de todos os desafios".
Relembrou também um discurso proferido há cinco anos, quando ainda liderava o regime cubano, em que defendia a urgência de se corrigir "muitos erros" para evitar a "autodestruição" do país.
Fidel sugeriu aos ouvintes que estudassem o modelo chinês, que, a partir de uma experiência comunista, "retificou o que tinha que retificar" e agora cresce a taxas anuais de até 10% do PIB.
"Vale a pena estudar a China. A China não é os EUA, está lutando contra o sistema imposto pelos EUA. Lá vige o Estado, não as empresas."


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