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China prende ativista por usar Twitter
Defensora da democracia é condenada após retuitar comentário irônico do namorado sobre rixa com o Japão
Cheng Jianping sumiu no dia do casamento e só reapareceu no início desta semana, já com
a condenação decidida
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
A ativista de direitos humanos chinesa Cheng Jianping foi condenada a passar
um ano num campo de trabalho por ter usado o Twitter
para ironizar uma onda de
protestos antijaponeses, informaram a ONG Anistia Internacional e seu namorado.
Cheng, 46, reenviou ("retuitou") um comentário do
namorado, Hua Chunhui,
em que ele, em tom irônico,
dizia que os manifestantes
contrários ao Japão deveriam
destruir o pavilhão do país
na Expo Xangai "para provocar impacto".
Junto com o reenvio, em 17
de outubro, Cheng escreveu:
"Ataque, juventude raivosa".
Desde setembro, várias cidades chinesas registraram
protestos contra o Japão depois que um capitão de barco
chinês foi preso pelo país vizinho em área sob disputa.
O Twitter é um dos vários
sites, entre os quais o Youtube e o Facebook, cujo acesso
está bloqueado na China.
Mas é possível driblar a
censura por meio de programas de computador.
Segundo a Anistia, ela desapareceu dez dias depois,
na data em que iria se casar.
Na segunda-feira, ela reapareceu, quando foi condenada
a um ano de "reeducação por
meio de trabalho" por ter
"perturbado a ordem social".
"Sentenciar alguém a um
ano num campo de trabalho,
sem julgamento, só por repetir observação claramente satírica de outra pessoa no
Twitter revela o nível de repressão on-line na China",
disse Sam Zarifi, diretor para
Ásia da Anistia.
Em entrevista ao site da
BBC, Hua afirmou que a namorada iniciou uma greve de
fome para tentar cumprir a
reeducação em casa.
Ele desconfia que a punição se deve também ao fato
de Cheng ter assinado uma
petição pedindo a libertação
do dissidente Liu Xiaobo,
vencedor do Prêmio Nobel da
Paz deste ano e condenado a
11 anos de prisão.
Em agosto, Cheng já havia
sido detida por cinco dias
após ter demonstrado apoio
a Liu Xianbin, ativista que
defende a democracia na
China e que participou dos
protestos estudantis de 1989.
Nenhuma autoridade judicial ou do governo chinês comentou o caso.
ARTISTA
Ontem, começou o julgamento do artista plástico e
ativista político Wu Yuren,
39, preso há seis meses.
Formalmente, ele é acusado de atacar policiais após ter
o celular apreendido.
Amigos dizem que Wu está
sendo punido por ter organizado um protesto em fevereiro contra a demolição de vários estúdios de artistas para
a remodelação de uma área.
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