São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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China prende ativista por usar Twitter

Defensora da democracia é condenada após retuitar comentário irônico do namorado sobre rixa com o Japão

Cheng Jianping sumiu no dia do casamento e só reapareceu no início desta semana, já com a condenação decidida

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A ativista de direitos humanos chinesa Cheng Jianping foi condenada a passar um ano num campo de trabalho por ter usado o Twitter para ironizar uma onda de protestos antijaponeses, informaram a ONG Anistia Internacional e seu namorado.
Cheng, 46, reenviou ("retuitou") um comentário do namorado, Hua Chunhui, em que ele, em tom irônico, dizia que os manifestantes contrários ao Japão deveriam destruir o pavilhão do país na Expo Xangai "para provocar impacto".
Junto com o reenvio, em 17 de outubro, Cheng escreveu: "Ataque, juventude raivosa".
Desde setembro, várias cidades chinesas registraram protestos contra o Japão depois que um capitão de barco chinês foi preso pelo país vizinho em área sob disputa.
O Twitter é um dos vários sites, entre os quais o Youtube e o Facebook, cujo acesso está bloqueado na China.
Mas é possível driblar a censura por meio de programas de computador.
Segundo a Anistia, ela desapareceu dez dias depois, na data em que iria se casar. Na segunda-feira, ela reapareceu, quando foi condenada a um ano de "reeducação por meio de trabalho" por ter "perturbado a ordem social".
"Sentenciar alguém a um ano num campo de trabalho, sem julgamento, só por repetir observação claramente satírica de outra pessoa no Twitter revela o nível de repressão on-line na China", disse Sam Zarifi, diretor para Ásia da Anistia.
Em entrevista ao site da BBC, Hua afirmou que a namorada iniciou uma greve de fome para tentar cumprir a reeducação em casa.
Ele desconfia que a punição se deve também ao fato de Cheng ter assinado uma petição pedindo a libertação do dissidente Liu Xiaobo, vencedor do Prêmio Nobel da Paz deste ano e condenado a 11 anos de prisão.
Em agosto, Cheng já havia sido detida por cinco dias após ter demonstrado apoio a Liu Xianbin, ativista que defende a democracia na China e que participou dos protestos estudantis de 1989.
Nenhuma autoridade judicial ou do governo chinês comentou o caso.

ARTISTA
Ontem, começou o julgamento do artista plástico e ativista político Wu Yuren, 39, preso há seis meses.
Formalmente, ele é acusado de atacar policiais após ter o celular apreendido.
Amigos dizem que Wu está sendo punido por ter organizado um protesto em fevereiro contra a demolição de vários estúdios de artistas para a remodelação de uma área.


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