São Paulo, domingo, 19 de dezembro de 2010

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Senado americano derruba proibição de gays no Exército

Decisão encerra a política do "don't ask, don't tell" e admite homossexuais declarados nas Forças Armadas

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O Senado americano derrubou ontem a proibição a homossexuais de servir abertamente nas Forças Armadas, em uma decisão histórica comparada por muitos com o fim da segregação racial no meio militar dos EUA.
Por 65 votos a 31, o fim da política conhecida como "don't ask, don't tell" ("não pergunte, não diga") foi aprovada e enviada para sanção do presidente Barack Obama.
A decisão representou uma reviravolta, já que há poucos dias o Senado havia bloqueado uma tentativa de votação do fim da política -levantando temores de que ela não seria novamente reconsiderada antes do próximo ano.
Democratas acabaram insistindo em novo voto porque viam chances de aprovação significativamente menores a partir de janeiro, quando o Congresso terá mais republicanos conservadores.
O resultado é uma vitória política importante tanto para o partido quanto para o presidente, em um momento em que eles vinham perdendo apoio da esquerda devido a acordos com republicanos em outras áreas.
Para valer na prática, a derrubada da proibição precisará agora de uma certificação do Pentágono e da Casa Branca -ambos favoráveis à decisão- de que o momento de implementação é adequado e não prejudicará a prontidão das tropas. A expectativa é que o processo levará alguns meses.
A "don't ask, don't tell" fora implementada em 1993 e resultou na expulsão de cerca de 12,5 mil membros das Forças Armadas cuja homossexualidade veio a público.
"Ao acabar com a política, nosso país não vai mais rejeitar o serviço de milhares de americanos patriotas que são forçados a deixar as Forças Armadas apesar de anos de desempenho exemplar só porque são gays", disse Obama ontem.
"E muitos milhares não vão ter mais de viver uma mentira para poder servir ao país que amam."

Estatísticas
A aprovação chegou após a divulgação no fim do mês passado de um estudo do Pentágono que concluiu que o fim da política não resultaria em riscos significativos para as forças, mesmo durante guerras.
O estudo contou com uma extensa pesquisa enviada a militares para avaliar seu posicionamento quanto a servir ao lado de gays assumidos.
A pesquisa continha perguntas bastante específicas, como sobre se instalar cortinas em banheiros compartilhados deixaria os soldados mais confortáveis em lutar ao lado de colegas gays.
Mais de 70% dos respondentes disseram ver o impacto do fim da política como positivo, irrelevante ou com pontos positivos e negativos.
Por outro lado, oponentes do fim da proibição argumentam que a mudança pode prejudicar a unidade das tropas e eventualmente afugentar alguns americanos do serviço militar.

Imigrantes
A vitória democrata veio pouco depois de uma derrota no Senado em outra medida. Foi bloqueado o voto no chamado "Dream Act", que prevê um caminho para regularização de ilegais que chegaram ao país ainda crianças e cumprem certos requisitos.
Eles deveriam ter menos de 30 anos, ter chegado aos EUA antes dos 16 e fazer faculdade ou servir nas Forças Armadas.
O "Dream Act" havia sido aprovado na Câmara. O presidente afirmou que continuará pressionando por sua passagem final.


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