São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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ÁSIA

China institui celebração de "libertação" do Tibete em 59

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O governo chinês decidiu criar uma data comemorativa para celebrar a libertação de "servos e escravos" do Tibete, no próximo 28 de março. Nesse dia, em 1959, o regime comunista de Mao Tsé-tung oficialmente acabava com o regime "aristocrático do Tibete", nas palavras do governo, após ter derrotado uma tentativa de golpe liderada pelo dalai-lama, então com 23 anos de idade.
Em 1950, forças comunistas invadiram a Província e tomaram o poder, que era exercido de forma teocrática pelo dalai-lama, líder político e religioso. Autonomia e domínio pela China se revezaram por séculos na região de população budista nas alturas do Himalaia.
A criação da data reforça temores de confrontos e mais repressão na Província separatista. A dissidência tibetana comemora todo 14 de março a tentativa fracassada de golpe contra a China.
Nas últimas semanas, o governo chinês tem aumentado a repressão contra a dissidência. Intelectuais que assinaram no mês passado um manifesto pela democratização e respeito aos direitos humanos, chamado de Carta de Direitos 8, nome inspirado por movimento similar na antiga Tchecoslováquia (a Carta 77), foram presos e um blog que servia de espaço para opositores foi bloqueado.
O Comitê do Congresso do Povo do governo tibetano aprovou no domingo a data comemorativa, mas a decisão foi noticiada ontem. Os 382 deputados aprovaram a proposta por "unanimidade". "Isso significou o fim da servidão e a abolição do sistema social hierárquico caracterizado pela teocracia, com o dalai-lama como líder", disse a agência estatal Xinhua em texto divulgado ontem, que afirma que 90% da população tibetana em 1959, de 1,1 milhão, era formada por escravos e servos.
Em março do ano passado, a repressão policial contra protestos de monges terminou em distúrbios onde morreram pelo menos 20 pessoas.


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