São Paulo, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

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Saída de Porto Príncipe vira aventura aérea

JANAINA LAGE
ENVIADA ESPECIAL A SANTO DOMINGO

Uma semana após o terremoto que atingiu Porto Príncipe, entrar ou sair da capital do Haiti ainda não é tarefa fácil. Não há voos regulares, e contratar um carro em uma cidade que enfrenta falta de gasolina é uma empreitada ainda mais difícil.
A Folha passou a manhã no aeroporto de Porto Príncipe, controlado pelos americanos. Para entrar, basta passaporte. Mas, para sair em voo rumo aos EUA, não basta o visto -é preciso ser cidadão americano.
Uma funcionária explica que o país só é responsável pela evacuação dos cidadãos americanos. As companhias americanas fazem voos periódicos no aeroporto da cidade. Todos os dias forma-se uma longa fila na porta da Embaixada americana: gente que, carregando seus bens, aguarda uma chance de deixar o Haiti.
No aeroporto, não há checagem de bagagem, e a imigração se limita a carimbar o passaporte antes mesmo da aquisição do bilhete. A negociação de passagens ocorre na pista, onde os passageiros aguardam voos humanitários ou fretados.
O balcão das companhias de fretamento é uma cadeira próxima ao aeroporto.
A mesma companhia que trouxe a Folha de Santo Domingo para Porto Príncipe por US$ 900 o bilhete cobra agora US$ 300. Os preços não são uniformes. Um holandês de olhos azuis pagou US$ 580 para viajar no mesmo voo.
A menor procura não significa, porém, mais conforto. Decorre de menos voos. Um pequeno avião de sete lugares chega com uma hora de atraso, e, após constatar a venda excessiva de bilhetes, a repórter viaja no lugar do copiloto.
Outra alternativa para deixar o Haiti é alugar um helicóptero, opção mais cara.
Em Santo Domingo, todos querem saber notícias de como anda o Haiti. Do carregador de bagagens ao taxista e até o pessoal do check-in do aeroporto internacional. Eles temem uma invasão de haitianos, que há tempos seguem para o país para ocupar vagas que exigem menor nível de instrução, como operários e serventes.
Nos balcões das companhias aéreas americanas, os funcionários afirmam que os haitianos chegam com as malas prontas e compram bilhetes para os EUA.
Em um sinal da preocupação da República Dominicana com os efeitos da crise no país vizinho, o cardeal Nicolás de Jesús López Rodríguez afirmou que o país já fez mais do que estava humanamente a seu alcance para ajudar o Haiti a se recuperar dos estragos causados pelo terremoto, mas que não pode assumir o problema sozinho.


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