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ANÁLISE
Violência reduz apoio a Sharon e desespera israelenses
JAMES BENNET
DO "THE NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM
O premiê israelense, Ariel Sharon, foi eleito com a promessa de
trazer paz e segurança a seu país.
No entanto, um ano depois de sua
posse, Israel não tem nenhuma
das duas coisas -e, em termos
políticos, Sharon tampouco.
A direita acusa Sharon de tratar
os palestinos com brandura excessiva. A esquerda o acusa de
exagerar na violência. Ambos
concordam que Sharon não possui plano algum para pôr fim a
um conflito que, 17 meses depois
de começar, parece estar se tornando cada vez mais mortífero.
Na sexta-feira, uma sondagem
conduzida pelo jornal "Maariv"
revelou que, para 49%, "a liderança nacional perdeu o controle sobre a situação de segurança".
Sharon tem conseguido manter-se à tona porque está navegando numa onda de conquistas políticas domésticas e externas. Ele
vem conseguindo manter seu governo de união, composto por
partidos da direita e da esquerda,
o que abranda as críticas ao dividir as responsabilidades. Ele também tem conseguido o apoio da
administração Bush em sua política de confinar e isolar o líder palestino Iasser Arafat.
Seus assessores dizem que a
guerra contra a violência palestina é uma luta de longo prazo. Mas
a paciência do público parece estar se esgotando. O nível de apoio
a Sharon, que já chegou a ser altíssimo, vem caindo. Em perguntas
mais específicas, Sharon se sai
ainda pior. Não apenas a maioria
dos entrevistados pelo "Maariv"
se disse insatisfeita com sua atuação em matéria de segurança, como 79% reprovaram seu desempenho na área econômica -o desemprego atingiu recorde.
Enquanto isso, a popularidade
de Arafat parece estar aumentando entre os palestinos. Israel mantém Arafat preso em Ramallah, na
Cisjordânia, há mais de dois meses, para pressioná-lo a reprimir a
violência ou para incentivar os
palestinos a trocar de líder. Mas
mesmo alguns altos oficiais israelenses já reconhecem que é pouco
provável que alguma dessas duas
alternativas ocorra. Uma sondagem da Universidade Bir Zeit, em
Ramallah, indicou que Arafat
vem ganhando apoio: 52% avaliaram seu desempenho como "positivo", contra 38% em outubro.
Ao mesmo tempo, a esquerda
dormente está dando sinais de vida em Israel. Um grupo de mais
de mil generais da reserva e integrantes dos serviços de segurança
está lançando uma campanha
exortando a retirada unilateral de
quase toda a faixa de Gaza e da
maior parte da Cisjordânia. Enquanto isso, setores de direita temem que a retirada sob fogo possa aumentar a ousadia dos militantes palestinos.
Essas visões distintas foram refletidas no jornal "Yediot Ahronot", ao apresentar as soluções
conflitantes propostas pelos líderes do país. Expressando o sentimento cada vez maior de desesperança e de que o país está preso
num beco sem saída, a manchete
do jornal indagou: "Como sairemos da lama?" A foto que a acompanha, tirada após um ataque recente, é de uma policial apoiando
a cabeça nas mãos, em evidente
tristeza e desalento.
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