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Presidente de Israel tenta negociar governo de união
Netanyahu recebe apoio de ultranacionalista e garante maioria para governar
Tzipi Livni, líder do centrista Kadima, diz que considerará coalizão; gabinete só da direita complicaria relação com Barack Obama
Romen Zvulun/Associated Press
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O presidente de Israel, Shimon Peres (esq.), recebe líder ultranacionalista Avigdor Liberman
DA REDAÇÃO
Incumbido de indicar o próximo premiê israelense, o presidente Shimon Peres convocou reuniões separadas hoje
com o ex-premiê Binyamin Netanyahu, líder do direitista Likud, e com a chanceler Tzipi
Livni, do centrista Kadima. Sua
meta é persuadi-los a formar
um governo de união nacional.
"Tenho a intenção de fazer
um esforço suplementar para
convencer os partidos que cooperem em vista à constituição
de um governo amplo e estável", afirmou Peres, que receberá Netanyahu antes de Livni.
O nome do futuro chefe de
governo deve ser anunciado até
segunda-feira, e ele terá prazo
de até seis semanas para forjar
uma coalizão parlamentar.
A legenda da chanceler foi a
que mais obteve assentos no
Knesset (Parlamento unicameral) na eleição do último dia 10,
com 28 cadeiras. O Likud veio
logo atrás, com 27, mas Netanyahu consolidou ontem o apoio
de mais da metade dos legisladores eleitos (veja quadro).
O ex-premiê recebeu oficialmente o respaldo do partido ultranacionalista Israel Beitenu,
terceiro colocado na eleição,
com 15 eleitos. Avigdor Liberman, líder da sigla, ontem se
reuniu com Peres, externando
sua opção -o que elevou para
65 o número de parlamentares
que apoiam a indicação de Netanyahu como premiê. Se assumir, será a primeira vez que o
cargo não ficará com o partido
vencedor da eleição em Israel.
Apesar de não ter descartado
integrar um governo de maioria estreita, Liberman defendeu o acordo entre os aspirantes a premiê. "Precisamos de
um governo amplo, com os três
grandes partidos -Likud, Kadima e Israel Beitenu. Netanyahu irá liderar, mas será um
governo dele e Livni juntos."
No início do dia, a líder do
Kadima enviou mensagem
SMS a 80 mil membros do seu
partido rejeitando a ideia de integrar um governo "de extrema-direita". Mas Livini recuou
horas depois, afirmando em
entrevista publicada no site do
jornal "Haaretz" que considera
uma coalizão ao lado de Likud e
Israel Beitenu.
Mais tarde, ao acompanhar a
visita do senador americano
John Kerry à cidade de Sderot,
ela disse não ter "intenção de
alterar nenhuma fração do rumo do Kadima", que descreveu
como "avançar no processo de
paz e combater o terrorismo".
Impasse
A declaração de Livni na presença de um colega do presidente americano Barack Obama no Partido Democrata ilustra a dificuldade que Netanyahu deve enfrentar para implantar suas propostas.
Ele é contra o Estado palestino e a devolução dos territórios
ocupados por Israel, defende a
expansão das colônias israelenses e já sustentou a proposta de
um ataque ao Irã.
"Se Netanyahu quer coesão e
paz entre os quadros de sua
coalizão, isso significará isolamento do resto do mundo. Se
ele quiser evitar condenações
internacionais, irá encarar ruptura e dissensão dentro de sua
coalizão", disse o cientista político Menachem Hofnung, para
quem o líder do Likud acabará
cedendo às exigências de Livni
para ela ingressar no governo.
Nos EUA, o enviado especial
de Obama ao Oriente Médio,
George Mitchell, também evidenciou a dificuldade que Netanyahu terá para realizar sua
plataforma. Em conversa telefônica com lideranças judaicas,
o americano enfatizou que seu
governo "tem um firme e inabalável compromisso com a segurança do Estado de Israel e
com a busca pela paz, calcada
na solução de dois Estados".
Com agências internacionais
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